Casa BA / BAK Arquitectos

O Lugar

Trata-se de um terreno dentro de um pequeno condomínio de 16 lotes, localizado em uma zona da Grande Buenos Aires, que com o traçado da Rodovia ocidental tem sido gradativamente transformado em um bairro de habitação permanente. Localizado frente ao terreno do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), o local tem a garantia de manter por um longo prazo uma situação de privilégio de qualidade de vida e valor paisagístico.

© Gustavo Sosa Pinilla

O programa

Uma casa para residência permanente, que trazia como condicionante fundamental, resolver as questões relacionadas com a segurança da mesma, uma vez que o local é afastado e com poucos habitantes fixos. Esta dificuldade é agravada pelo fato de que eles seriam os primeiros a habitar o pequeno condomínio. Naturalmente, a questão do enclausuramento para segurança não poderia afetar a integração interior / exterior, tema recorrente em todas as obras do escritório. A outra questão a considerar era a flexibilidade de uso, pois, mesmo morando apenas um casal, a casa poderia receber muitos visitantes e os futuros filhos. Por último, havia a condição de que a casa deveria se desenvolver em apenas em um pavimento.

© Gustavo Sosa Pinilla

A proposta

O escritório sempre encara cada novo projeto como uma oportunidade de investigação no campo teórico / prático da arquitetura. Desta vez, como resolver a segurança habitacional era tão importante, foi interessante ver o quão forte isso pode ser determinante na concepção do projeto. Até onde a forma seria dependente da resolução do problema e quão longe ele poderia apertar esta dependência sem afetar o bom resultado estético, sempre operando com um orçamento coerente ao programa.

© Gustavo Sosa Pinilla

Reverter uma suposta condição negativa, própria do programa, e transformá-la em motor de uma busca de soluções que não desperdiçassem o potencial que este problema encerra, foi uma decisão que levou os arquitetos a propor uma casa com duas empenas, de maneira a ter apenas duas frentes vulneráveis. As duas fachadas, de quase 14 metros de largura, transformaram-se em elementos essenciais do projeto. Desta decisão, surgiu a necessidade de se resolver o projeto em planta baixa e a proposta de criar pátios internos para possibilitar luz natural e ventilação em todos os cômodos foi adotada.

© Gustavo Sosa Pinilla

Propôs-se então uma planta dividida em 12 módulos espaciais (quatro de frente e três de fundo), de 3,30m de lados. Dois deles são vazios, e funcionam como pequenos pátios internos, com a vegetação como protagonista em um e a água no outro. Estes espaços sem cobertura fundem-se aos cômodos internos, conferindo uma sensação de maior amplitude e uma atmosfera cambiante através dos efeitos que a luz produz ao entrar através deles. Além disso, oferecem um recorte do céu e da paisagem circundante, desde os mais variados ângulos da planta.

Planta

A fachada é projetada à frente como um plano composto de peças de madeira empilhadas, conferindo privacidade aos ambientes, além de resolver a hermeticidade da casa. Para os fundos, o sistema escolhido para dar segurança à habitação deveria ser de acionamento rápido e de custo razoável. O proposto foi uma cortina metálica, que quando aberta, fica completamente escondida pelas vigas invertidas e é operado através de uma tecla.

Organização Funcional

A casa possui um afastamento da rua interna do condomínio, em que se localiza um jardim e um local para estacionar um carro, realizado com travessas de madeira enterradas no solo.

Como a casa é fechada dos lados, foi necessário propor, além da entrada principal, uma de serviço para as atividades de manutenção.

© Gustavo Sosa Pinilla

O acesso às portas se dá por um espaço semicoberto. A porta principal abre-se a um único espaço, com o pátio de água e o pátio verde como protagonistas. Ali se desenvolvem as atividades de reunião, de maneira flexível. De um lado desse espaço, e protegido da vista por trás de um muro pendente, estão os quartos e os banheiros. No lado oposto, encontram-se a entrada de serviço, a cozinha ( que se insinua apenas através do pátio verde) e a lavanderia. Até o fundo das diversas atividades da casa, estende-se um trecho semicoberto que vai de empena a empena, definindo claramente os limites entre interior e exterior. A casa se integra com a piscina, através de um solário, e o resto do lote está livre, para que a vegetação plantada possa crescer.

Solução Estrutural

A planta da casa, de 13,70m x 13,00m. é coberta por uma série de lajes de concreto armado, com vigas invertidas em todo o perímetro, que escondem o contrapiso com inclinação para escoamento da água e a membrana hidrófuga. Estas lajes apoiam-se nas empenas laterais em uma série de partições internas dispostos segundo a grelha modular, e com uma espessura capaz de funcionar como local de armazenamento.

Corte 01

Construção

A solução construtiva do plano de fechamento da fachada frontal demandou um estudo detalhado, já que dependia da primeira vista da habitação. Deveria ser um elemento que permitisse a entrada de luz, mas que assegurasse o fechamento necessário e seguro da casa. Decidiu-se, por razões estéticas e de facilidade de construção, empilhar in loco, peças de madeira de quebracho, cortadas ao meio, coladas e encaixadas entre si, através de barras roscadas de ferro.

© Gustavo Sosa Pinilla

No resto da casa o concreto armado é o protagonista exclusivo, sendo deixado a vista, sem nenhum tipo de tratamento superficial, exceto nas duas empenas principais, que, pela sua exposição ao ar livre foi considerado necessário aplicar um revestimento em chapas de MDF com revestimento de madeira guatambu, com uma câmara de ar para resolver o isolamento térmico. Há apenas três paredes internas de alvenaria, em torno dos banheiros para resolver a questão dos encanamentos. Os pisos, tanto internos como externos, são de cimento queimado, separados por chapas de aço inoxidável. As bancadas dos banheiros e da cozinha são lajes de concreto com superfície alisada e protegida por verniz. As esquadrias são de alumínio anodizado, cor bronze escuro e com vidros duplos, com câmara de ar interna. A calefação é feita por piso radiante. Os móveis da cozinha e todas as portas dos armários são de MDF, revestidas com laminado de madeira de guatambu.

© Gustavo Sosa Pinilla

 

 

Ficha técnica:

  • Arquitetos:BAK Arquitectos
  • Ano: 2010
  • Área construída: 167 m²
  • Área do terreno: 418 m²
  • Endereço: Villa Udaondo, Ituzaingó Provincia de Buenos Aires Argentina
  • Tipo de projeto: Residencial
  • Status:Construído
  • Materialidade: Concreto
  • Estrutura: Concreto

Equipe:

  1. Arquitetos: María Victoria Besonías, Guillermo de Almeida, Luciano Kruk. (BAK Arquitectos)

 

 

 

Sobre este escritório
Cita: Eduardo Souza. "Casa BA / BAK Arquitectos" 04 Out 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-73940/casa-ba-bak-arquitectos> ISSN 0719-8906

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