Encontro da cidade com o campo
Nas cidades do interior do Brasil existem diversos espaços que procuram conectar o universo da vida urbana com o a vida no campo. Um desses lugares é o parque de exposições, local onde ocorrem as feiras agropecuárias.
A peculiaridade da localização de seu Centro de Exposição Agropecuária decorre da posição que ele ocupa nessa fronteira, no limite do perímetro urbano. Em particular, esse lugar não divide a cidade do campo cultivável, e sim o tecido urbano em seu encontro com a natureza do cerrado. O parque atua como zona de amortecimento entre a cidade e a Área de Preservação Ambiental do Planalto Central, que por sua vez protege a estação Ecológica de Águas Emendadas, um dos espaços naturais mais importantes do Distrito Federal.
Nesse contexto territorial se insere o presente projeto.
Além da inserção na geografia da região, a ideia de espaço que orienta a interpretação do programa de necessidades do Centro de Exposição Agropecuária de Planaltina está conectada à noção de tempo.
Lugares que abrigam eventos dessa natureza têm uma particularidade: são plenos de vitalidade no momento da festa, quando recebem milhares de pessoas, e correm o risco de se tornarem vazios na maior parte do ano, quando não há atividades previstas.
A presente proposta tenta interpretar a relação entre o ser humano e o uso que ele faz do espaço ao longo do tempo, procurando organizar as edificações de maneira a gerar vazios que têm dupla função cronológica:
- 1- abrigar exposições ao ar livre e receber equipamentos de lazer durante as feiras e eventos.
- 2- qualificar espaços públicos de lazer, descanso e contemplação quando estes eventos não estão acontecendo.
Desse entendimento decorre a intenção de projetar um espaço entre pavilhões – uma praça – conectado ao parque e à cidade através da permeabilidade de suas laterais.
Essa praça recebe o fluxo de pessoas que chega a esse lugar na cidade, funcionando como espaço de acesso e distribuição. Seu perímetro organiza os passeios e a visitação das exposições, ao mesmo tempo em que delimita um lugar específico, uma espécie de pátio interior.
A ideia de que deve haver um “legado” também orienta o projeto dos demais espaços de uso temporário. O local reservado para abrigar shows e parque de diversões é tratado com paisagismo, permitindo sua apropriação pela comunidade para a prática esportiva, por exemplo, quando não estão acontecendo as festividades.
Com o mesmo intuito, a porção do terreno em frente à Avenida Independência, conta com um espaço voltado para o lazer infantil da comunidade do entorno. Nesse espaço de uso público, a água é o elemento essencial, que umidifica o ar seco da região e possibilita as brincadeiras de crianças e jovens.