Pré-existências
OKE é a nova Casa de Cultura de Ortuella, na antiga zona mineira de Vizcaya, onde já não há mais extrações de sulfato de ferro. Os vales que antes recebiam as dunas de areias oxidadas, contidas entre estruturas de concreto, foram apagados, sem deixar vestígios.
O lote é extremamente interessante, onde a rua principal e uma praça podem se unir. O projeto olha de lado a lado através de uma estrada, tangencialmente na medida do possível, para ver e ser visto a partir de uma grande distância.
É uma estrutura que alterna pilares com vãos de 380 e 750 centímetros para facilitar atividades variáveis e de armazenamento. Cada vão define uma seção separada, com um movimento de fachada. Desde a topografia do vale, as coberturas se mostram como mais uma fachada, e são resolvidas como tais.
“Sabíamos que a escala de infra-estruturas subterrâneas, como emergiu como um todo, seria de um material oxidado. O material não pode ser outro do que aquele da memória. Queríamos construir algo que estava lá muito antes das intervenções novas”
Intenções
Locar o edifício perpendicularmente à via principal de Ortuella, para se observar todo o vale. Uma vista tangencial, com o objetivo de ver e ser visto desde grandes distâncias.
Conectar a praça de Otxartaga, o espaço mais significativo da comunidade, com a rua Catalina Gibaja. Aproveitar esta oportunidade para que a nova Casa de Cultura estenda a praça até a rua, e a rua até a praça.
Moldar a volumetria que define o edifício para responder aos diferentes níveis topográficos que delimitam o lugar: inclinar as coberturas coletando o nível da praça existente e saltando visualmente à outra vertente do vale, acenando para o novo lado que a cidade deve se desenvolver e pretende começar a desfrutar. Completar uma nova rota urbana onde os espaços exteriores existentes conectam-se com os diferentes níveis de atividade: calçada – biblioteca, calçada – praça, praça – espaços multiusos, rua – espaço de exposições.
Trabalhando com a topografia forte para definir dois acessos diferentes respondendo duas utilizações que definem o programa. Elevando a entrada do estacionamento desde a existente na praça, permite dar acesso direto ao nível da rua Catalina Gibaja (altura 0,00 m) e às atividades relacionadas com a Casa da Cultura: o movimento, circulação, eventos, entre outros. A cota de 6,60m dá acesso à Biblioteca, lugar de silêncio e concentração. Rodeando o edifício, pode-se ter a leitura dos dois programas, permitindo que funcionem individualmente ou organizados em horários ou atividades diferentes.
Permitir que a Sala Multiuso possa funcionar de forma autônoma, dispondo de um acesso, na cota de 3,35m que, como parte da nova praça, possa desenvolver atividades ainda que o resto do edifício esteja fechado.
Definir o espaço livre, espaço preenchido com uma sucessão de rampas de diferentes larguras onde o programa vá ocupar um lugar. Permitir uma organização flexível, equipando os espaços com serviços de apoio, para que sirvamo aos usos previsíveis e imprevisíveis da Casa de Cultura.