Proposta para o Jardim Japão I
Projeto Urbano
A área, de uso predominantemente industrial, é delimitada pela Rodovia Presidente Dutra à noroeste, pela Marginal Tietê à sul e pela Avenida Serafim Gonçalves Pereira à leste. A configuração de grandes lotes voltados para duas vias expressas geraram no interior da área espaços desarticulados, que foram ocupados de maneira desordenada.
O desenho proposto está estruturado em três eixos básicos de intervenção: reestruturação viária, recuperação dos espaços livres e habitação como forma de requalificação urbana.
Para a reestruturação viária propõe-se um grande parque linear junto à Avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira que fará a conexão do bairro com a Marginal Tietê e possibilitará uma melhor transposição entre os dois lados do córrego existente.
A água é entendida nesse projeto como elemento de lazer e educação. A proximidade da água limpa com a população proporciona a melhoria do ambiente urbano. Para tanto, criou-se junto ao córrego existente uma área de várzea, que além de gerar uma zona de extravasão na época de maiores índices pluviométricos, possibilita uma extensão do parque linear. A intervenção de canalização do córrego que está sendo executada atualmente pela prefeitura será mantida e o rebaixamento do solo para a criação da área de várzea será uma complementação dessa obra.
As “praças pontes” criadas sobre o córrego possibilitam não apenas a travessia de pedestres, mas a conformação de um espaço de lazer elevado, integrado ao parque linear proposto.
A remoção da Favela Funerária permite a extensão do parque linear junto à Avenida Berimbau, o que a torna um novo eixo estruturador do bairro, que liga a Rodovia Presidente Dutra à Avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira. A Rua Nossa Senhora de Aparecida também será requalificada com a remoção de parte da favela Cidade Nova até o trecho do EMEF Eudasio Sampaio Liboron com a criação de um cinturão verde que ligará os três parques lineares propostos.
O Plano Diretor estabelece uma diretriz de ligação viária no eixo leste-oeste do bairro. Nesse projeto ela é proposta entre as ruas Santo Amaro e Eureka, o que proporciona uma melhor integração do conjunto habitacional existente ao tecido urbano.
O Conjunto Cingapura do grande eixo será requalificado através da remoção das construções irregulares que o margeiam. Uma nova área comercial será proposta junto ao parque linear, na cota do viário existente. Sobre a laje do conjunto comercial será implantada uma horta comunitária que terá o potencial de melhorar a qualidade de vida com a geração de emprego e renda para a população local, além de oferecer alimentos frescos para a comunidade.
A área em questão é bem servida de equipamentos públicos como escolas, hospitais e centros comunitários. O projeto pretende tornar esses equipamentos existentes como pulverizadores de melhorias do ambiente urbano através de recuperação de espaços livres junto a eles, integrando-os efetivamente ao tecido da cidade.
As intervenções habitacionais foram implantadas em diferentes escalas, de acordo com a disponibilidade de terrenos.
O quarteirão formado pelas ruas Abel Marciano de Oliveira, Soldado Francisco Tamborim , Dona Maria Quedas e Avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira configura uma área de ZEIS 2. Além da remoção da Favela Abel Marciano, propõe-se a desapropriação de toda a área, para a otimização do adensamento neste terreno de 17.300m².
A sobreposição da malha viária dos dois lados do parque linear gerou uma malha que foi definida com “zona de transição” nesse projeto. O resultado dessa malha norteou a implantação dos edifícios habitacionais nesse trecho.
Algumas vias de pedestres foram criadas no eixo viário do lado oposto, permitindo uma melhor integração visual entre o bairro. A implantação triangular permite uma otimização da circulação vertical, além de gerar pátios internos de lazer para cada bloco independente.
Para o melhor aproveitamento do potencial construtivo do terreno optou-se por implantar torres de 9 pavimentos, com o uso de elevadores chegando a um total de 639 unidades habitacionais.
Parte da favela entre essa quadra e o novo viário proposto também será removida. O terreno encontra-se em área de ZEIS 1 e serão implantadas mais 145 unidades. Mais a sul, junto ao Cingapura também serão implantadas 70 unidades.
O Edifício
O sistema construtivo proposto para os edifícios é o de alvenaria estrutural, escolhido por reduzir o volume de concreto e aço da obra, além acelerar sua execução, fatores que somados reduzem o custo de implantação do projeto.
Com o intuito de gerar uma espacialidade mais interessante para os usuários, além de romper com a monotonia das fachadas, foram propostas áreas de permanência distribuídas ao longo dos corredores dos pavimentos, intercaladas por duas tipologias distintas para as unidades habitacionais. As tipologias compartilham a mesma modulação estrutural, porém com uma distribuição interna distinta o que possibilita a variação do posicionamento das varandas e das esquadrias dos dormitórios.
As unidades habitacionais são compostas por três módulos estruturais de 2,85m totalizando 50m² de área útil. Cada módulo possui uma prumada de instalações que atende ao sanitário, lavanderia ou cozinha dependendo do pavimento, solução que reduz a quase zero as prumadas horizontais na unidade.
Para atender aos portadores de necessidades especiais, foi projetada uma unidade específica, a ser implantada no pavimento de acesso dos edifícios sem elevador, ou distribuída pelos pavimentos nos demais casos.