A malária ou paludismo é uma doença que afeta a mais de 200 milhões de pessoas anualmente, das quais 91% dos casos se encontram na África, sendo também a população infantil a mais afetada. Em termos, infelizmente, 40% da mortalidade infantil africana se produz pela malária. É este o contexto de onde Archive Architecture for Health, organização que busca melhores condições de saúde em comunidades vulneráveis, partindo de melhoramentos e desenvolvimentos de habitação, abriu o concurso internacional "Building Malaria Prevention" com a finalidade de buscar alternativas de prevenção a doença na comunidade de Minkoaméyos em Yaoundé, Camarões, onde as condições de pobreza materializadas nas habitações e no entorno, incidem negativamente na proliferação da patologia.
A seguir apresentamos o projeto ganhador, proposta da equipe formada por Gustavo Bautista Moro, Erika Gómez Ramírez e Alejandro Ordóñez Ortiz.
As comunidades que habitam nestas difíceis condições, naturalmente tem desenvolvido na sua maioria uma capacidade de resistência ante a adversidade. Entretanto, esta inoculação não pode ser um princípio geral, o qual deriva de um incremento cada vez maior das taxas de óbitos por malária. Neste sentido, a proposta apresentada por CONTRAPONTO OFICINA DE ARQUITETURA E CITU EXPERIÊNCIA LOCAL, não é alheia a resgatar saberes tradicionais que ajudam a prevenir a enfermidade mediante um uso inteligente da natureza, sem deixar de atender também princípios mais funcionais.
O conceito que estrutura a proposta é ao mesmo tempo, profundo e simples: consiste em utilizar os saberes tradicionais e a capacidade da comunidade para mudar sua realidade e sua saúde mediante a aplicação de tais conhecimentos, e desta forma, fornecer uma maior relevância a ideia, na medida que o concurso estipulava que a proposta arquitetônica deveria inscrever-se dentro de uma faixa máxima de U$ 300 por habitação existente. A forma como opera a transmissão de malária é simples: se da a partir da picada de um mosquito, fato simples que entretanto exigiu sintetizarem-se três princípios de prevenção (I. Repeler o mosquito, II. Impedir o acesso do mosquito a habitação e III. Proteger os habitantes no interior).
Cada um destes princípios orientadores se materializaram em propostas específicas de melhoramento de baixo custo para as habitações, que incorporam o uso e modificação de materiais tanto existentes como reciclados, assim como a implementação de ervas e plantas perimetrais e no interior das casas, e a incorporação de tecidos tradicionais da cultura africana. ao final cabe perguntar-se: É suficiente, ou, pelo menos um início válido, que ajude ao alívio vital de milhões de pessoas, o estabelecimento de uma arquitetura eficiente? É definitivamente a arquitetura, como disse Milosz sobre a poesia, algo que pode salvar vidas? Cremos que sim. E que a aposta para um futuro melhor se construa não desde a premissa de ter mais, mas sim de saber mais e poder aplicar este saber em função da solução de um problema.
Arquitetos
Gustavo Bautista Moros + Erika Gómez Ramírez + Alejandro Ordóñez OrtizLocalização
Comunidad de Minkoaméyos en Yaoundé, CamerúnEquipe
Gustavo Bautista Moros + Erika Gómez Ramírez (CONTRAPUNTO Taller de Arquitectura) y Alejandro Ordóñez Ortiz (Citu Experiencia Local, Laboratorio de Proyectos Urbanos).Custo
$ 544.800 Pesos Colombianos / Unidade de Vivienda (USD 300)Superficie
24 viviendas de 55 M²Materialidade
Poto Poto (Técnica tradicional africana de construção em terra), reutilização de madeira, garrafas de vidros e materiais existentes nas vivendasÁrea
55.0 m2Ano do Projeto
2012Fotógrafos
Cortesia de Gustavo Bautista Moros + Erika Gómez Ramírez + Alejandro Ordóñez Ortiz