- Área: 2 m²
- Ano: 2010
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Fotografias:Jordi Bernadó
Descrição enviada pela equipe de projeto. Além de uma correta resolução funcional e espacial, que se explica a seguir, a chave do projeto reside em uma resposta adequada à incomum situação urbana e volumétrica em que se insere.
Enquanto que no lote do projeto só é permitida a construção de três andares, nos terrenos laterais existem duas torres gêmeas com 10 andares de altura. Assim, inevitavelmente, a quadra apresentará uma descontinuidade e o novo volume construído terá uma difícil relação de alturas, em uma condição de inferioridade em relação às edificações vizinhas, apesar de seu caráter de equipamento público.
Assim como se desenha nos croquis, poderíamos pensar uma cidade rodeada de jardins com a localização ideal para um equipamento desta índole, como em alguns casos de Eixample e de outros bairros de Barcelona (figura 2). Neste terreno, se as regras urbanísticas permitissem, caberia dar continuidade aos parâmetros da quadra com algumas casas em altura, alguns “immeubles villas”, ou com pelo menos uma casa em altura, um "Cambo", com um exuberante jardim. Entretanto, os parâmetros normativos são determinantes. As aberturas das fachadas laterais ao terreno forçam a uma condição de “beco” involuntária sob quase 6 andares de apartamentos que se somam sobre o edifício. Sem poder competir nem dar continuidade aos volumes laterais, devido ao terreno apertado em relação ao programa, optou-se por um edifício disposto ao redor de um pátio interno ajardinado em diferentes níveis. E edifício se manifesta para a rua como um parâmetro enigmático, um pano cego coroado por um jardim que se converte em protagonista da imagem exterior, em uma atitude reconhecível em muitos cantos de Barcelona, naqueles que por sobre os muros, se somam as copas das árvores e sobem trepadeiras de um jardim interior, as vezes numa cota superior. Estas coberturas ajardinadas remendam a condição ideal da "villa" oferecendo os espaços de estar e circulação que o uso do edifício requer.
Disposição de Volumes e Programa
Tendo em vista que a fachada posterior dá para uma passagem de apenas 1,5 metros que leva aos fundos de um edifício educativo, os espaços da Residência e Centro Dia, e em especial, as circulações e espaços comuns, se estruturam em torno de um pátio interno. Com a maior longitude possível, o pátio vai se escalonando e se ampliando nos andares superiores. Este também separa longitudinalmente o edifício em dois volumes diferentes nos primeiros níveis, articulando os diferentes usos e se convertendo na referência fundamental para a orientação dos usuários dentro do Centro. Neste caso, um pátio único e amplo se tornou preferível à opção de dois pátios até as empenas, prevista no planejamento inicial.
Optou-se por estruturar os usos fundamentais (centro de dia e residência) por níveis e não por volumes, diminuindo assim os deslocamentos verticais. Além disso, quase todos os espaços do Centro de dia estão situados no térreo, permitindo que as residências tenham privacidade e uma maior relação com os jardins e espaços exteriores. Os usos dos diferentes níveis são os seguintes:
- Subsolo: serviços gerais, estacionamento, instalações, cozinha e espaço para os funcionários.
- Térreo: ginásio voltado para a Gran Vía, refeitório voltado para pátio e escritórios voltados para o volume interior da quadra. Ginásio e escritórios ampliam sua altura até a fachada, introduzindo assim mais luz e ganhando espaço.
- Mezanino: com todos os espaços voltados para o pátio, no volume da Gran Vía e as dependências de tamanho menor e uso ocasional do centro de dia (médico, psicólogo e salas de visita) no volume posterior.
- Primeiro Andar: duas residências nas laterais do pátio, com um terraço comum que abraça a sala de estar e de jantar de ambos.
- Segundo Andar: A terceira residência está em um volume posterior e o jardim sobre a cobertura do volume da Gran Vía.
- Terceiro Andar: área para instalações, acessível do jardim do segundo andar por uma escada externa.
Os espaços de circulação foram generosamente dimensionados, com um amplo lobby numa das fachadas do pátio, tanto por razões funcionais (movimento de grupos, macas e cadeiras de rodas) como por razões ambientais. A única sala de enfermaria que o programa original pedia foi desmembrada em três, de tamanho ligeiramente menor, uma por residência, facilitando o funcionamento independente de cada uma delas. Pelas mesmas razões foram locadas pequenas salas de armazenamento, complementares às salas de roupa suja, roupa limpa e depósito.