- Área: 4 m²
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Fotografias:David Frutos
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Confederação de Empresários de Albacete (FEDA) é uma organização sem fins lucrativos que representa e dá suporte ao tecido empresarial em seu âmbito provincial. Após o desenvolvimento de suas atividades, esta organização procurou unir em um mesmo edifício suas instalações que estavam dispersas por toda a cidade, esse seria o embrião desse projeto.
Tanto pelo seu nível de representação quanto por sua capacidade de prestar serviços à empresas de Albacete, desde o início, ficou claro que esta iniciativa seria um marco na cidade, capaz de ser representativa e tornar-se um lugar de eventos dos negócios. Além disso, pela localização do edifício, na extensão do Paseo de la Cuba, visa intensificar a vida urbana do novo bairro situado entre o poderoso centro industrial e de serviços, que é o polígono Campollano e núcleo urbano.
A arquitetura de limites difusos foi o que pensamos para este projeto. Nossa intenção foi de revestir o volume do edifício com um véu capaz de ofuscá-lo e fazê-lo mudar a luminosidade e texturas em função das mudanças climáticas e o movimento dos usuários.
Em uma vista de fora para dentro, através desta pele, deveria ser capaz de se entender a forma carnuda, com espessura, e também como um objeto distante com uma indefinição de tal forma que o observador não pudesse medir-se em relação a ele, não pudesse gerar uma ligação estática, mas que com seu movimento o edifício lhe responderia com diferentes perspectivas e percepções mutantes.
Na vista contrária, esta pele deveria ser percebida a partir do interior de forma constante e sem escala. Possivelmente a segunda camada que contém os vazios, desfragmenta a construção desta forma, por ser muito grande em relação a dimensão do usuário, e ainda a textura polimétrica exterior com a pequena dimensão do pé-direito, lhe permite ter uma relação mais próxima e que por sua vez, foi distorcida pela separação entre as duas camadas. A percepção do sistema de fachada por dentro deveria, de alguma forma, borrar o limite do edifício.
Arquitetonicamente o projeto se resolve entre dois pólos: o forte e claro frente ao delicado e quase incerto. A contundência simples e volumétrica da proposta é equilibrada pelo efeito volátil e delicado dado pelo sistema de placas de PMMA, assim como a sensação de certa estranheza ao perceber o monumento difuso.
Um dos parâmetros mais significativos no âmbito arquitetônico foi a realização do programa, sua definição e caracterização, e paralelamente, a oportunidade onde supõe-se que esta infraestrutura não se traduza somente em aglutinar possíveis usos e serviços, mas também ajude na atualização da própria organização. Junto com responsáveis de diferentes áreas, trabalhadores e usuários das instalações, fomos criando um mapa de necessidades e realizamos uma reorganização dos processos internos de trabalho. O que permitiu passar de um sistema de despachos desconexos à um sistema mais aberto, onde a horizontalidade entre equipes autogestionadas é mais clara, ajudados pela implementação de sistemas tecnológicos de informação e documentação.
Está nova "maneira de fazer" na organização, fez com que o projeto tivesse que resolver dois problemas: o primeiro é a criação de plantas flexíveis e reprogramáveis e o segundo é a adequação do ambiente de trabalho.
Quanto ao primeiro propusémos uma estrutura reticular com muito poucos apoios e grandes aberturas, que permitiria a redistribuição do programa segundo as necessidades no futuro, graças a realização de um piso e forro técnicos onde se conduzem as instalações do edifício, deixando assim as plantas totalmente livres para serem usadas.
E quanto ao segundo, a FEDA exigiu desde o primeiro momento que as pessoas que trabalhassem no edifício, desfrutassem de um alto nível de conforto, que enfrentado da nossa maneira de entender os espaços, como lugares 'altamente emocionais', seria um desafio.
Desde a primeira abordagem, tentamos gerar uma relação amável com o usuário. A vegetação de baixo porte é o que organiza o acesso. As dimensões do espaço da entrada, assim como a consistência dos pisos que se passa ao entrar, sua materialidade espacial, temperatura, sonoridade... incluindo a velocidade de abertura das portas automáticas, fazem com que o usuário perceba de forma sutil que entrou em um espaço atenuado, sendo interessante destacar como as pessoas ao entrar abaixam a voz de forma natural, não podemos dizer porque, mas é possivelmente pela iluminação e sua capacidade de deslumbramento, ou pela absorção acústica com uma sonoridade sem ecos, ou ainda pelas proporções do espaço.
Este espaço de entrada se estende de lado a lado da planta entre as fachadas opostas. É a primeira parte do 'vazio interno' que articula todo o edifício e que tem relação direta em todo o momento com o exterior, por ele se realiza o acesso a todos os pavimentos e é onde se desenvolve o programa mais público do edifício, como os lugares de informação, exposição, espera e encontro.
Tentamos fazer com que este espaço tivesse um ambiente muito controlado, onde a percepção do pesado se invertia fazendo-o leve, onde a iluminação fosse diferente, o som seco, onde sempre houvesse uma relação interior-exterior direta e ainda com uma escala amável ao usuário, que tem mais a ver com outro tipo de espaços onde as relações entre os usuários e seus limites físicos são mais distantes; de alguma forma tentamos fazê-lo difuso das percepções exterior do edifício.
E, finalmente os espaços de trabalhos abertos com um alto condicionamento térmico e acústico, um espaço extremamente neutro que convide, de alguma forma, aos usuários que invadam com seus objetos e corpos; com os processos e negociações que surgem do trabalho em grupo, fazendo extremamente seus esses lugares, o que conforma uma nova paisagem mais interessante, menos branda e mais real. Uma paisagem que se faz transparente para quem chega no recinto e requer um apoio coletivo da organização.
Este projeto trabalha a relação entre as pessoas e o construído, tentando controlar a percepcão sensorial, logo emocional do dia a dia dos trabalhadores. Cremos que não há outro caminho para repensar os lugares de trabalho sem passar por assumir como ponto de passagem a re-humanização da arquitetura.