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Arquitetos: nmdarq
- Área: 255 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Ivo Tavares Studio
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Fabricantes: Alcino Vala, BRUMA, Bocci, CIN, Efapel, GLS CARPINTARIA, Pedrali, Roca, Sanindusa, VitrA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado numa das principais artérias da cidade de Lisboa, a Avenida Almirante Reis, o Apartamento faz parte integrante de um edifício construído nos anos 40 do Séc. XX. de autoria do Arquitecto Manuel Norte Junior (1878 -1962), cujas obras são facilmente identificáveis pela introdução de elementos decorativos de inspiração Arte Nova, inclusive distinguido em diversas obras na cidade de Lisboa com o Prémio Valmor.
O edifício em questão, uma das últimas obras do arquitecto, é criado já numa altura em que Norte Júnior procura afastar-se do ecletismo com que era conhecido, mas mantendo de certa forma o seu cunho perante um modernismo emergente.
Tal facto é bem presente no edifício como nos apartamentos, no nosso caso em particular o apartamento apesar de ter sido alvo de intervenções ao longo do tempo, foram preservados alguns elementos decorativos da altura, tais como os tectos trabalhados nas zonas sociais. Com óptimas áreas, espaços bem distribuídos e iluminados, o projecto incide fundamentalmente na adaptação do existente aos novos usos contemporâneos, preservando os valores de identidade e de memória ainda presentes no apartamento.
Com dois acessos independentes, um principal e outro de serviço com acesso directo à cozinha, a proposta visa em manter os acessos e a sua hierarquia espacial, sendo proposto a introdução de um pequeno vestíbulo na entrada principal, a alteração da zona da cozinha, e a transformação do apartamento para apenas dois quartos, um deles o quarto principal composto por um espaço amplo de zona de vestir e por um pequeno escritório.
O projecto mantém a localização dos espaços sociais existentes preservando as suas dimensões e por conseguinte os seus tectos. A não existência de um vestíbulo no apartamento, cujo acesso era imediatamente precedido do corredor de circulação, gerou um desafio para a introdução dessa área num espaço de pequenas dimensões sem luz natural, o que foi parcialmente conseguido através da “semi-abertura” do vestíbulo à biblioteca, separados por um móvel bancada e uma lâmina suspensa em espelho.
O vestíbulo marca o primeiro momento de entrada no apartamento, permite a ligação ao interior do apartamento através de duas grandes portas, a deslizante que dá acesso a uma saleta, e outra de pivot que se abre para o extenso corredor dando acesso aos demais compartimentos. O corredor é claramente caraterizado pela reinterpretação do seu lambril, composto por friso horizontal e por um canelado vertical em madeira lacada à cor branca, tal apontamento é inclusive identificado no espaço de vestíbulo. O percorrer do corredor permite o acesso às salas de estar e jantar, comunicantes entre si e entre a saleta e biblioteca, todos eles diferentes entre si pelos seus tectos trabalhados.
Através do corredor acede-se também à cozinha, alvo de uma profunda transformação tornando-a mais funcional e adaptada às novas exigências, destaca-se essêncialmente pela morfologia da sua ilha e pela sua projecção no tecto dando forma à iluminação, destacando-se também o revestimento em mosaico cerâmico tridimensional colorido.
A cozinha é também composta pela sua ampla marquise através da qual se acede ao quarto da empregada e à área de tratamento de roupa. Por fim, a zona mais privativa do apartamento é composta essencialmente por dois quartos, e uma instalação sanitária de apoio a um dos quartos. Um dos quartos, considerado como o principal, é composto por um pequeno corredor de circulação que separa a zona vestir da zona de dormir, esta última não apenas caracterizada pelo seu tecto mas também pela parede cabeceira da cama, composta por elementos verticais de madeira de nogueira pela qual também se faz a iluminação do quarto. Será a partir da zona de vestir que se tem acesso à ao pequeno escritório e à instalação sanitária privativa.
A transformação destes últimos espaços (cozinha e quarto principal) necessitaram de maior intervenção, sendo necessário garantir a integridade estrutural do edifício adoptando uma solução de reforço estrutural em estrutura de aço devidamente articulada com a construção existente, constituída por lajes em estrutura de madeira, paredes interiores em tijolo de barro maciço e paredes exteriores em alvenaria de pedra.
Relativamente à materialidade, conseguiu-se recuperar praticamente todo o pavimento de madeira existente, sendo substituído o pavimento das zonas húmidas tal como a cozinha e instalações sanitárias por estarem bastante danificados. Alguns elementos de madeira existentes, tais como portas, rodapés, e outros foram parcialmente recuperados e/ou substituídos por réplicas com o intuito de salvaguardar o valor de memória do espaço.
Os novos materiais e elementos introduzidos harmonizam-se com o existente, claramente identificados no seu tempo, destacam-se conferindo valor estético e funcional ao conjunto da proposta, como o caso do lambril, cujo desenho canelado se repercute na ilha da cozinha e no revestimento cerâmico artesanal exclusivamente desenhado para o efeito.
A proposta de iluminação, na sua maioria de difusão indirecta, surge em determinados espaços como a principal protagonista, mas noutros assume-se claramente como auxilio no destaque de algumas peças ou elementos decorativos.
Além da preservação de elementos presentes no apartamento, houve também a necessidade de salvaguardar a existência de algum mobiliário e peças decorativas que os proprietários tinham em sua posse e que desejariam manter. Tal facto, tornou-se num auxilio no desenvolvimento do projecto procurando espaços específicos para a localização de tais objectos tornando-os parte do conjunto arquitectónico.