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Arquitetos: delavegacanolasso
- Área: 142 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Paco Marín
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um terreno com bastante inclinação, repleto de pinheiros e azinheiras e coberto por um manto verde próprio da primavera, foi o que encontramos na primeira vez que visitamos o local. Um ambiente a ser respeitado e valorizado, com identidade e características próprias. É bonito quando o terreno sugere desde o início o lugar que a casa deve ocupar. A clareira entre os pinheiros definiu até mesmo a dimensão da casa, marcando os limites que não cresceram e alimentando o desejo de manter todas as árvores e alterar o mínimo possível o terreno. Por isso, a estrutura parte da cota natural, apoiando-se sobre um muro do qual nasce um balanço atirantado. De lá, é possível desfrutar das vistas do pinhal que já imaginávamos que fossem privilegiadas, durante os agradáveis piqueniques que fizemos no espaço que agora ocupa o terraço. Nele se recorta um espaço para deixar passar o tronco de um pinheiro.
A casa foi projetada com naturalidade, de forma simples e agradável, fechada para a rua e aberta para a paisagem, incorporando seu contexto. Um alojamento que funciona como uma grande varanda para estar protegido e coberto em meio à natureza. Pensamos que a maneira de interferir o mínimo possível no terreno era através de um sistema industrializado. Mas, ao mesmo tempo, queríamos incorporar a graça e os matizes da obra tradicional. Pareceu-nos que um sistema misto fazia muito sentido, então combinamos módulos tini® totalmente fabricados em oficina com paredes de tijolo manual caiado, o balanço que não toca o terreno, com o barro que dele sai e quer estar coberto por parreiras e jasmins, contraste do atual e do atemporal que resulta em uma arquitetura rica e que melhora com o tempo.
Quando se usa um sistema industrializado, a modulação é importante, e, por isso, esta casa respeita uma modulação. Cada quarto com seu banheiro corresponde a um tini®, e o escritório a outro completamente independente. É fundamental a separação do espaço onde se trabalha, que além disso nos proporciona a oportunidade de percorrer o jardim pelas manhãs, quando ainda está fresco e o verde das folhas é intenso.
Três alas mais, que seguem a referida modulação, compõem estar, jantar e cozinha. Foram executadas in loco, e suas coberturas flutuam sobre o muro de tijolo graças a uma janela rasgada, que percorre todo o comprimento desses espaços. Seguindo esse mesmo conceito de simplicidade, a garagem é uma estrutura muito leve de tramex que parte da rua e se apóia em 3 pilares metálicos. Acompanhando a inclinação natural, dormentes de pinho e cascalho dão vida à escada que serpenteia entre os troncos dos pinheiros guiando até a porta.
O escritório se inclina em relação à casa, e gostamos desse gesto porque evoca as ruas das cidades onde em certo momento os volumes se aproximam estreitando-as, para em seguida dar lugar à luz que se abre ao chegar à praça. O jardim é essencialmente o pinhal existente complementado com vários bordos e liquidâmbares que lhe dão a mudança de cor com as estações e aquele verde fresco que tem a folha caduca. Plantamos também figueiras, limoeiros e laranjeiras e construímos uma piscina na parte baixa do jardim, onde se recolhe a água da chuva e crescem lírios aquáticos e copos-de-leite. Graças a um fino cano de cobre, podemos ouvir o murmúrio da água desde o terraço.
Com honestidade, cada material é evidenciado tal como é porque queremos que denotem a passagem do tempo na casa. Por isso, a estrutura é deixada aparente em sua cor, assim como os batentes de aço das janelas. A madeira tem matizes que combinam com a rugosidade do metal, por isso optamos por combiná-los na fachada. Neste caso, pinho recuperado carbonizado no estúdio e na casa, pinho termotratado.
Como acreditamos que as casas devem transmitir serenidade, no interior utilizamos tons sutis, com madeira de bétula no escritório e compensado de pinho na casa, combinado com pisos de pedra calcária bruta com uma paginação irregular. Os toques de cor são dados pelo mobiliário e pelas almofadas compradas no Marrocos. Há uma clara influência no design desta casa e em nosso trabalho em geral das "Case Study Houses", esses projetos essenciais e atemporais, grandes ideias executadas com pouco. Dessa forma, buscamos o essencial, que a arquitetura seja fundamental sendo menos importante do que o jardim, uma casa que seja uma varanda, um espaço protegido onde se possa desfrutar da paisagem.