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Arquitetos: Estudio Além
- Área: 305 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Francisco Ascensão
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto consiste na adequação interior de um espaço comercial para transformá-lo em loja de calçado e roupa. A intervenção deve responder a dois objetivos: uma exposição clara do produto e uma proposta contundente que caracterize a loja e permita uma experiência de visita diferenciada, que represente uma mais-valia face a outras lojas do setor.
A concepção do projeto teve como premissa o estudo do castelo e das muralhas da cidade, com o objetivo de criar uma cenografia que evocasse um dos principais elementos de uma cidade tão rica em história como Guimarães. Deste modo, ergueu-se uma paisagem de volumes, construídos em rede metálica eletrossoldada, que através de determinados jogos geométricos consegue multiplicar os espaços interiores da loja, os metros lineares de espaço expositivo e a sensação de amplitude espacial.
Parte-se de um único elemento: a ameia medieval. Este elemento, que culmina os muros tanto da muralha como das torres da cidade, de forte carácter geométrico e claramente reconhecível, é descontextualizado e desmaterializado, para ser reconstruído em rede de aço galvanizado eletrossoldado quinado. Imaterial e permeável, esta nova ameia permite ver através e cria reflexos na superfície das próprias varas que a convertem num elemento etéreo, desprovido de matéria pétrea. Este elemento, isolado, configura em si um totem expositivo, com múltiplas configurações: expositor de calçado, expositor de acessórios, expositor de roupas ou inclusive suporte de espelhos. Através da sua repetição ao longo de todo o perímetro, outorga um fundo de perspetiva contínuo a todo o espaço e conforma uma nova parede, quase virtual, no interior da loja; uma estrutura complexa de varas de metal repletas de transparências e profundidades.
Uma vez criada esta grande muralha virtual da qual se omitiu o seu peso e matéria, preenche-se em toda a sua extensão, de forma irregular, com pedra granítica local. Vinte e três toneladas de granito cinza, triturado em brita com calibre entre trinta e sessenta milímetros. Deste modo, a muralha passa a funcionar como gabiões que contêm uma pseudo-ruína, muros desmoronados que captam um momento fictício específico da história dessa nova muralha.
O balcão é construído a partir de dois grandes blocos de granito. Estes foram extraídos diretamente da pedreira, e pôs-se em valor os grandes sulcos das varas de extração. Estes blocos foram talhados manualmente para conter uma urna de vidro e aço inoxidável onde se exporiam pequenos acessórios.
Desenham-se todos os pormenores construtivos, fixações, ferragens e acessórios que permitem sistematizar tanto a montagem em obra como a colocação e disposição da exposição. Outros elementos secundários (bancos, provador…) caracterizam o espaço e ajudam a enfatizar a cenografia criada.