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Arquitetos: Florian Busch Architects
- Área: 223 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Vincent Hecht
Descrição enviada pela equipe de projeto. No alto da colina que leva a Nukebenten em Tóquio, a aparência despretensiosa do santuário Itsukushima sugere pouco de sua história. Em 1086, atravessando as planícies de Kanto a caminho de Mutsu, Minamoto no Yoshiie escolheu este local como acampamento temporário para seu exército. O mais alto da região, desde onde era fácil avistar qualquer perigo que se aproximasse e com uma vista excelente do Monte Fuji. Um ano depois, retornando vitoriosamente, Yoshiie lançou os alicerces para o santuário que existe até hoje. O local para este projeto é, portanto, um pequeno lote trapezoidal de 48 m² situado ao lado do santuário.
Extrusão - Quando a taxa construtiva máxima é 80% de 48 m² e uma proposta ambiciosa pede um restaurante e vários apartamentos acima, a estratégia tende a ser direta: extrudar essa taxa elevando o volume o máximo o possível. Qualquer liberdade para explorar as possibilidades deve ser encontrada na generosidade vertical.
Escalada - Como se o cliente tivesse antecipado os desafios, Nobori, o nome dado ao projeto muito antes mesmo de existir um local, significa subir, escalar. A questão é - agradavelmente pragmática - como? Onde a convenção sugeriria um núcleo compacto para circulação, propomos um movimento contra-intuitivo: dissolver o núcleo para permitir que as escadas subam e desçam ao redor das extremidades exteriores. Entrar no volume a partir da rua é como virar em uma das inúmeras ruelas de Tóquio que são, de fato, halls de entrada para os espaços residenciais mediando entre as escalas da cidade.
Descobertas - O que parece ser um volume simples por fora é complexo por dentro. À medida que o caminho das escadas atravessa os níveis em pontos diferentes, nenhum pavimento é igual. A generosidade vertical compensa: há altura suficiente para interstícios (entre o volume das escadas e as lajes) que permitem usos inesperados - e assim aumentam a apropriação espacial. A complexidade é semelhante a da sala de chá, onde detalhes deliberados abrem as portas para um cosmos de descobertas.
Pele - Essa ambiguidade espacial e polivalência são reveladas na fachada. A escala do volume torna possível, até mesmo vantajoso, fazer com que a pele externa sustente as cargas estruturais. Começando com as aberturas de maior potencial, o grau de porosidade evolui ao longo do tempo, respondendo de forma flexível aos requisitos e desejos durante o processo de projeto. A fachada é o campo de jogos onde múltiplas restrições (estrutura, vistas, luz, ventilação, orçamento...) competem entre si para gerar um todo harmonioso.
Vistas - O que em 1086 estava no meio da natureza, agora está no meio de Tóquio. As vistas do Monte Fuji há muito tempo são bloqueadas pelas massas urbanas em constante crescimento. Mas onde as estradas cortam diretamente essas massas, corredores de visualização revelam a vastidão de Tóquio. Nove séculos depois dos olhos de Yoshiie terem escaneado os arredores, nada aqui é mais o mesmo. No entanto, ao subir o volume e perceber os enquadramentos da cidade a partir dele, a vantagem estratégica da topografia ainda pode ser sentida até hoje.