-
Arquitetos: Atelier poem
- Área: 50 m²
- Ano: 2023
-
Fotografias:Atelier poem, Lorenza pensa
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um pequeno templo de madeira emerge nos jardins da Villa Médici, em Roma. Projetado pelo Atelier Poem, o volume reinventa o conceito da «cabana» por meio de uma experiência simbólica, um espaço para imaginar outras formas de estar juntos.
Nomeado La timidité des cimes (timidez das copas), o projeto reinterpreta formal e socialmente o fenômeno natural pelo qual as árvores mantêm uma certa distância uma da outra. O volume representa uma cobertura que abriga uma floresta de colunas em torno da qual os visitantes se reúnem, meditam e brincam ao ritmo dos jardins.
A obra nasceu conforme a filosofia do Festival, como um meio de conexão social e redescoberta dos jardins históricos, cujo projeto foi desenvolvido por Ferdinando de Médici no final do século XVI.
A instalação é identificada como um lugar de transição e contaminação entre o ambiente circundante (flora, fauna e vestígios históricos) e a vida abrigada em seu interior; um espaço que se presta ao acolhimento de manifestações artísticas e culturais, propício ao descanso, à leitura e ao lazer.
La timidité des cimes é, portanto, um pequeno centro cultural, que através das diversas atividades abrigadas em seu interior, anima os jardins espalhando e preservando o patrimônio histórico e natural.
O projeto se desenvolve a partir de uma reflexão sobre a relação entre arquitetura, homem e natureza. Ao explorar a essência da própria arquitetura, ele busca sintetizar, por meio da forma, os valores teóricos, estéticos e práticos válidos no passado e atualmente. É o resultado de um estudo que traça as origens da relação antropológica entre arquitetura e meio ambiente, condensada por Laugier no conceito de «cabane rusticique». Um compromisso entre o ponto de vista vitruviano da «cabana primitiva» e o que Le Corbusier chamou de «templo primitif».
La timidité des cimes está inserida no Carré des vestiges, um dos dezesseis jardins da Villa Médici; configura-se, pela dimensão e estrutura, como elemento base de leitura do tecido e extensão temporária da própria Villa. A cabana, localizada na entrada do jardim, assume suas proporções por meio de uma geometria simples e harmônica baseada na proporção áurea e é proposta como um limiar. Um lugar mutável que pode se adaptar a diferentes usos, onde é possível experimentar novas configurações relacionais e espaciais.
Os quinze módulos que o compõem seguem-se regularmente sem se tocarem, compondo o que por cima e por baixo se descreve como um mosaico. As lacunas entre um módulo e outro estabelecem pausas essenciais para a compreensão da obra (conceito de Ma na cultura japonesa).
A chave da obra é a metáfora arborizada da clareira utilizada por Heidegger. O projeto e o jardim são vistos como um único espaço, alternando entre ocultação e revelação: o clareamento. Uma jornada sensorial que pode ser comparada a um passeio na floresta. A timidez das copas se revela ao visitante como um claro-escuro nascido da sutil interação entre luz e escuridão.