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Arquitetos: Carlos Castanheira
- Área: 286 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Fernando Guerra | FG + SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. Eu conheço bem a cidade do Porto. Julgava. Fui até à Fontinha, mesmo no centro do Porto e entrei numa Quintinha com um ar bucólico de quem está algures no meio do campo, mas protegida por uns muros altos. Já lá havia uma casa, a dos Pais. Com uma torre que permitia sair da Quinta e ver toda a urbanidade do Porto, até à Foz, pelo Atlântico.
Na parte agrícola, nada faltava. Os animais, os vegetais, os frutos e até uma pequeníssima produção – registada – de vinho verde. A única no Porto. Fiquei a conhecer um pouco mais do Porto. Algo único. Tão único que alguém ainda pensou em classificar as couves, o pessegueiro e as nabiças. Divagações medíocres.
Ao fundo do quintal pretendiam uma pequena Casa. De madeira. Na visita fui avisado que por baixo de um metro de terra vegetal estaria o granito. Duro e que caracteriza a Cidade.
Respeitados os afastamentos, a Casa eleva-se do solo de modo a não perturbar – demasiado – o subsolo. Sobre uma base em betão, pousou uma estrutura de madeira formada por dois Us que em conjunto dão a forma de H à Casa. O U da frente – a sul – contem as áreas sociais – Cozinha, Sala de Jantar e Sala. O U de trás – a norte – contem os três Quartos.
Ao centro o Hall de Entrada e – em mezanino – um pequeno Escritório. Numa pequena cave a Garrafeira – essencial – e espaço técnicos, completam o programa. Cada espaço está caracterizado pelo seu teto em madeira, criando um jogo de volumes de coberturas que sendo semelhantes, são diferentes na forma e dimensão.
À frente, dois cobertos permitem estar fora, embora dentro. Pelo interior a estrutura de madeira é também acabamento e forro. Pelo exterior tudo é revestido a cobre, deixando à vista alguma estrutura de madeira, caixilharias e o vidro que separa e liga o interior do exterior.
As couves, o pessegueiro e as nabiças ainda lá estão, mas também há um jardim, porque tudo se transforma, numa necessidade de viver. Viver melhor e em harmonia. Entramos na Casa da Fontinha, já saímos do Porto.
Só possível com ajuda de alguns e os atropelos de muitos.
9 de Julho de 2023 Carlos Castanheira