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Arquitetos: FORarquitectura
- Área: 155 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Juanca Lagares
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Fabricantes: Aldecora, Artecer Sevilla cerámicas, FARO Barcelona, Grupo Puma, Marset, TOPCRET, Zara Home
Descrição enviada pela equipe de projeto. Onde os sulcos da terra fértil revelam as pedras do subsolo, ergue-se uma casa simples e humilde de finais do século XIX. A modéstia imponente do seu olhar zela pela paisagem agrícola e com ela se relaciona abrindo brechas no território.
Uma casa centenária sem recursos sanitários, espaços interiores insalubres devido à falta de ventilação, má qualidade do ar interno devido à presença de umidade por capilaridade, ausência de ferramentas de apoio térmico para combater o período mais frio do ano e condições duvidosas de segurança tornam a construção longeva inadequada para ser habitada.
Mas a forte relação da arquitetura e do programa da construção com o contexto rural, a aparição de um tipo de bloco de pedra popularmente conhecido como Cantilla entre suas paredes de carga (usado na construção da catedral de Málaga), a memória histórica e paisagística e a intenção de preservar o patrimônio rural, que infelizmente está sendo silenciado, impulsionam e alimentam a preocupação do arquiteto em não deixar morrer uma construção que tão humildemente é a biografia de uma sociedade implacável que silenciosamente enriqueceu a economia regional, a Axarquía.
A intervenção interna consiste na consolidação estrutural de um telhado que estava prestes a desabar devido à curvatura das vigas de madeira que o sustentavam, pois estavam enfraquecidas por cupins. É projetada uma subestrutura de ferro que serve de apoio para elas. No interior da casa, a distribuição é respeitada, apostando apenas na reabilitação dos espaços através da aplicação de materiais que se camuflam em uma atmosfera atemporal e convivem com os materiais recuperados. Assim, nas áreas do banheiro, hall e quarto, as paredes são revestidas até 2,10 m de altura com azulejos catalães de 14x28 cm, criando um tapete vertical que abriga o usuário em um ambiente acolhedor.
O ritmo dessas peças é alterado ao chegar no banheiro, mudando as dimensões para 5x25 cm no móvel da pia e na parede, destacando sua função. Azulejos cerâmicos esmaltados em preto indicam as áreas úmidas, como a banheira ou a bancada da cozinha. Pisos cerâmica são raspados e lixados para limpeza e posteriormente protegidos com uma película resinosa. Os revestimentos de cal branca natural são aplicados nas paredes, gerando um ambiente saudável o qual permite que elas respirem e evita condensação. Esses materiais cerâmicos favorecem o amortecimento térmico interno, proporcionando frescor ao estar na sombra no período quente ou retendo o calor acumulado nas paredes no período frio.
A área localizada na face leste da casa contém o programa noturno e íntimo (banheiro, hall e quarto), enquanto a ala voltada para o oeste abriga a área mais pública (sala/escritório e cozinha). Essa diferenciação entre espaços, uso e programa é enfatizada ainda mais com o design de interiores baseado na criação de ambientes onde a materialidade, a luz e o conforto térmico abraçam o usuário e o transportam em uma jornada introspectiva cadenciada, a um plano sensorial onde sobriedade, calma e acolhimento convidam à reflexão e contemplação do espaço-tempo.
Um lugar atemporal protegido da invasão urbana que incentiva a reflexão sobre a vida de uma edificação, a história e sua relação com o local para nos motivar a pensar sobre os novos modos de vida e o modelo de arquitetura sustentável futura. Quais são as necessidades básicas do ser humano para habitar um espaço?