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Arquitetos: Estudio Galera
- Área: 155 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Javier Agustín Rojas
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Fabricantes: Alumia, El Holandés, Hormigon pasalto, LAVIGE, MasterGAS, Plastigas, Sagitario
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta é uma casa de férias localizada na região turística de Cariló, Buenos Aires, Argentina, concebida para acomodar uma diversidade de atividades de descanso e ao mesmo tempo demostrar austeridade no uso dos recursos disponíveis.
O processo de intercâmbio com os clientes centrou-se no estudo das atividades imaginadas em uma casa de veraneio e não em uma forma arquitetônica preconcebida. Discussões sobre costumes, sensações, desejos e gostos substituíram as habituais trocas iniciais relacionadas à quantidade de quartos, metros quadrados e estética da edificação.
Devido à admiração dos proprietários pela arquitetura tradicional japonesa, certos conceitos foram reformulados para sua utilização na moradia.
Um terreno sem grandes acidentes topográficos possibilitou a criação de uma casa com relação plena com o lote por meio de uma galeria semicoberta. A edificação é orientada de maneira linear em três camadas paralelas aos eixos limítrofes, posicionando os serviços na orientação menos favorável e abrindo para o norte os ambientes principais e a galeria.
As instruções descontraídas relacionadas ao uso da moradia possibilitaram a criação dos ambientes e sua apropriação de um modo menos rígido, permitindo flexibilidade tanto no espaço como no tempo.
A flexibilidade no espaço está ligada à indeterminação dos ambientes e aos elementos móveis que permitem rapidamente mudar a disposição de um amplo espaço de reuniões à uma sala fechada. Tanto as esquadrias de alumínio quanto as de madeira permitem rápidas modificações do espaço, conectando os módulos cobertos com o volume semicoberto. Ao ampliar o espaço e duplicar a superfície da cozinha ao se conectar com a área da churrasqueira, gera-se uma transformação estival do espaço aumentando suas possibilidades de uso.
A flexibilidade no tempo está relacionada às múltiplas possibilidades de ampliação apoiadas em uma malha modular que permite o surgimento de novos banheiros e quartos no futuro. Casa Pingüino é uma moradia informal e flexível de uso temporário, mas com possibilidades para crescer e se transformar em uma moradia com uma distribuição tradicional, caso a demanda assim exija. Uma proposta espacial operável que surge da interpretação de um modo de vida particular, permitindo adaptações à demandas atuais e futuras. Indefinições nos modos de habitar exigem versatilidade na definição formal de 'casa'.
O espaço destinando aos usos principais é o resultado do encontro por proximidade dos três elementos compositivos básicos: volume de serviços, galeria e cobertura. A cobertura se torna volumétrica, vinculando o ambiente principal com um mezanino de uso flexível que funciona como quarto das crianças e termina em um terraço que permite participar visualmente do setor semicoberto correspondente à churrasqueira.
A materialidade e tecnologias aplicadas foram definidas por diferentes fatores, como os materiais e mão de obra disponíveis para realizar o trabalho. A região conta com uma longa história de coberturas trabalhadas em madeira, por isso, a Casa Pingüino nos permite repensar o telhado inclinado em Pinamar. Buscou-se sintetizá-lo evitando complexidades de construção desnecessárias, criando uma conexão com o patrimônio construído local e incorporando uma visão racional para a aplicação dessa tecnologia. A madeira onipresente no interior desaparece externamente, focando em uma baixa manutenção. Apenas vidro, concreto e metal ficam expostos às intempéries.
Após adotar a tecnologia do concreto para a execução da galeria e da cobertura, desenvolveu-se um sistema de fôrmas para a concretagem no ambiente de serviços. Dessa forma, os elementos dialogam entre si por relações de forma, geometria, cor e materialidade.
A Casa Pingüino se expressa de forma simples, mas procura responder a demandas complexas e mutáveis. Uma busca formal que explora estéticas contemporâneas ao mesmo tempo em que propõe certas referências à história do lugar. Um projeto pensado a partir da exploração dos recursos materiais e humanos da região. Mas, acima de tudo, uma casa que propõe sem impor, que muda de acordo com a necessidade do usuário em um momento no qual o ritmo das transformações sociais supera amplamente a vida útil dos edifícios.