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Arquitetos: entre escalas
- Área: 143 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Pedro Kok
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Fabricantes: Looz, Mica Azulejos, Pedras Coimbra, Strufaldi
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Saracura faz parte de um conjunto de sobrados geminados construídos na década de 1940 no bairro do Bexiga, São Paulo. Em resistência à atual especulação imobiliária no bairro, a renovação do sobrado busca preservar a memória mantendo a fachada original e a configuração do pátio existente. Como partido de projeto, a estrutura original da casa é revelada, assim como, o muro de arrimo histórico, caraterístico da topografia existente do bairro, aparece como elemento visível a partir de diversos ambientes da casa.
O córrego Saracura, normalmente invisível aos olhos, passa bem atrás do terreno deixando o muro de arrimo constantemente úmido. Diante desta singular condição, a fonte entra como o principal elemento simbólico do projeto. Um tanque e um caminho d’água foram propostos, captando as águas do Saracura, e trazendo as águas para dentro do pátio, à vista de todos. O volume da casa se manteve inalterado, porém uma única abertura no chão do primeiro pavimento, abre um vazio que busca uma maior entrada de luz natural e relações visuais entre os dois níveis da casa ao mesmo tempo que incorpora uma nova dimensão no andar inferior.
No pavimento superior, as alvenarias do dormitório central foram removidas configurando o escritório como um espaço aberto, entre os dormitórios, que se abre para este vazio. Assim, a bancada de trabalho do mezanino mantém relações visuais com o pátio e com o muro de arrimo ao fundo do lote, além de ter a função de proteção ao vazio. Novas aberturas foram propostas para a maior entrada de luz e ventilação natural nos ambientes internos, desenhadas em serralheria. O reboco das paredes laterais foi removido, expondo a técnica construtiva histórica da casa de alvenaria estrutural de tijolos. A remoção do forro existente de estuque revela a estrutura de madeira, tanto no térreo superior e no primeiro pavimento, expondo a estrutura original de madeira do piso de assoalho e do telhado, além de oferecer amplitude aos ambientes internos.
Uma das premissas do projeto foi a recuperação de elementos originais de valor arquitetônico. A escada e guarda-corpo de madeira, cobertos de tinta em situação existente, foram restaurados, e o piso de madeira existente do pavimento superior foi recuperado. O convite da escada integra-se ao banco de concreto, mobiliário fixo das salas.
Novos elementos de concreto armado foram propostos: a parede do lavabo, o banco na sala, a mesa na cozinha que avança no pátio e a bancada do banho da suíte. A bancada da cozinha, assim como a nova abertura de acesso ao pátio pela sala, estabelece novas relações entre os espaços internos e externos da casa.