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Arquitetos: Pianca Arquitetura, Sabiá Arquitetos
- Área: 190 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Pedro Kok
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto de reforma lidou com um apartamento de características singulares: uma área coberta conformada numa geometria estreita, linear e irregular rodeada por varandas em suas três faces. A fim de tirar proveito da forte presença destes quintais o projeto procurou construir uma casa no topo de um prédio. A intervenção usou os locais de alargamentos desta varanda contínua para para definir os programas internos – procurando identificar a melhor forma de estabelecer diálogos entre interior e exterior: junto ao acesso da unidade e ligado ao trecho mais amplo da varanda é configurada a cozinha e a sala de estar; junto a esquina e com vista para a Paróquia Imaculado Coração de Maria é instalada um tanque d’água e ambiente de estar externo que se associa ao quarto principal do apartamento; e por fim, no alargamento de geometria mais regular da varanda e voltado para o norte é posicionada a lavanderia, segundo quarto e banheiro social.
Face a forte deterioração a cobertura foi refeita. Tirando proveito desta ação de obra, o projeto recompõe as tesouras da estrutura da sala, viabilizando um shed para tornar mais complexa a iluminação deste ambiente. Ainda nestes ambientes comuns foi criada uma estante composta em septos verticais de concreto, preenchidos com marcenarias de variadas cores, a fim de aferir continuidade para os ambientes que possuam larguras distintas. Quartos tiveram pé-direito ampliado após remoção do estuque existente. Acima dos banheiros, onde não se fazia necessário um pé-direito mais amplo, foram estruturados pequenos sótãos para aumentar a estocagem do apartamento.
Na varanda, para criar continuidade entre estes ambientes de características tão distintas, o parapeito é refeito em peças de concreto armado moldado em obra. Em complemento a esta peça, um guarda-corpo metálico de tonalidade zarcão percorre todos os limites do apartamento – se organizando em duas alturas: uma baixa para trechos de circulação e outra mais alta que possui cabos de aço para estruturar o crescimento de plantas trepadeiras. Ainda nas áreas externas, uma sequência de canteiros são arranjados para definir massas verdes. Para caracterizar os programas de cada um dos alargamentos, este canteiro se associa com pias, tanques de água e bancos – oferecendo ao mesmo tempo continuidade e individualidade para estas distintas varandas. Nas novas coberturas ligadas à cozinha e à lavanderia, é previsto um cabeamento de aço para crescimento de trepadeiras para ofertar sombreamento destas áreas.
O o projeto evita cores neutras e foge de um caráter mais sóbrio: o novo piso interno é realizado em cimento queimado avermelhado, nos banheiros é utilizado ladrilho hidráulico – rosa com detalhes em verde no banheiro principal e amarelo e rosa no banheiro secundário – por fim, no quarto principal, é conformado um tapete de ladrilho ornamental com tonalidades azul, amarela e rosa. Nas varandas, o cimento queimado se estende nas áreas cobertas – procurando desfazer limites entre interno e externo. O resto do terraço possui grande presença de calhas preenchidas com seixos verdes e por pisos de concreto com seixos encravados.
Para os novos forros internos também foi pensado um jogo de cores que marcam os diferentes usos: verde na nave principal da casa, mostarda na sala de leitura e rosa nas áreas íntimas. As marcenarias também operam nessa lógica de marcação, sempre privilegiando cores intensas e diversas: rosa na cozinha, vermelho na biblioteca; verde nas superfícies horizontais.