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Arquitetos: NNArq
- Área: 5400 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Eduardo Macarios
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado em Curitiba, uma cidade renomada por sua qualidade urbana, este projeto se destaca em um bairro repleto de casas isoladas, jardins amplos e ruas arborizadas. O terreno, por muitos anos, abrigou uma subestação de uma metalúrgica que operou no local até que o aumento da densidade populacional tornou a atividade industrial incompatível com o entorno.
A incorporadora que adquiriu esse terreno propôs um concurso de âmbito nacional para selecionar a solução arquitetônica de seu primeiro empreendimento. Essa abordagem inovadora no mercado imobiliário brasileiro tinha como objetivo ampliar as opções avaliadas e garantir a qualidade arquitetônica do projeto. Dado que o terreno está situado em uma esquina em um bairro pitoresco e arborizado, a solução escolhida buscou abrir todas as unidades para as ruas. Dessa forma, o bairro se integra à vida privada das unidades, e, inversamente, as diferentes situações de cada unidade animam a paisagem urbana, enriquecendo-a com diversidade.
As 52 unidades, variando de 1, 2 e 3 dormitórios, possuem uma organização dos programas privativos disposta em faixas paralelas às ruas (varanda, espaços de permanência prolongada e espaços de permanência breve), proporcionando considerável flexibilidade interna. Devido à não ortogonalidade da esquina, as unidades têm pequenas variações de planta e adaptações à solicitação da incorporadora, resultando também em algumas variações volumétricas na fachada voltada para a Rua Pará.
No que diz respeito às áreas comuns, o pavimento da garagem é parcialmente escavado, criando um jardim interior que oferece uma sensação de espaço luminoso e aberto. No térreo, o acesso aos elevadores conta com uma pequena biblioteca focada em urbanismo e arquitetura, e também abriga um coworking, estrategicamente posicionado no cruzamento das vias, integrando, assim, atividades de trabalho à vida cotidiana do bairro e facilitando o acesso de colaboradores e visitantes.
No topo do edifício encontram-se as áreas de lazer de uso comum, incluindo um amplo salão de lazer para eventos e encontros, espaço de recreação infantil, lavanderia de uso comum e, aproveitando as vistas do centro da cidade e do pôr do sol, uma praça elevada com jardim. Duas unidades de cobertura também desfrutam de pequenos jardins privativos nas extremidades do pavimento.
Uma parte essencial da relação do edifício com o entorno é o paisagismo, que no térreo apresenta uma densa arborização, principalmente com espécies nativas. Essa vegetação suaviza a conexão das áreas privadas com o entorno, especialmente nos andares mais baixos, preservando a presença do verde no bairro, uma característica comum nas antigas casas que gradualmente estão sendo substituídas pela verticalização.
A estrutura de concreto é mantida aparente, com formas em compensado nas lajes e vigas, e tábuas brutas nas paredes. As circulações horizontais são fechadas com telhas translúcidas, permitindo a visibilidade das pessoas a partir do exterior do prédio e proporcionando muita luminosidade natural, o que é particularmente importante em Curitiba, uma cidade conhecida por seus muitos dias chuvosos. Nas fachadas voltadas para as ruas, as áreas técnicas recebem telhas de perfil semelhante, porém, executadas em chapas perfuradas.
No pavimento de cobertura, o paisagismo propôs uma instalação utilizando os isoladores de vidro da antiga subestação desativada, uma pequena lembrança da atividade que já existiu ali.