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Arquitetos: Paredes Pedrosa Arquitectos
- Área: 7193 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Roland Halbe
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Fabricantes: Arqueoqurtuba Excavaciones Arqueológicas S.L., Finsa, Forbo, GAP Grupo Aluminios de Precisión, Geocisa Geotecnia y Cimientos, S.A., Guardian, Kalzip, Knauf, Lledò, RIVENTI, Saint Gobain Isover, Silent Gliss, TESA, Weber
"Se você tem um jardim e uma biblioteca, você tem tudo o que precisa." - Cícero.
A Biblioteca, com uma localização privilegiada nos Jardins da Agricultura, assume o desnível entre o longo parque urbano e a Avenida de América que soterra as vias do trem. Sua planta trapezoidal segue o antigo traçado do século XVII sem alterá-lo, respeitando a vegetação existente e escalonando sua altura em direção ao parque, onde uma varanda suspensa introduz a visão das copas das árvores no interior.
A continuidade em direção aos jardins permite sair para ler e compartilhar atividades, e o parque se torna parte da biblioteca. Ler olhando para as copas das árvores, incorporar o jardim no interior e buscar a transparência em direção ao verde foram, desde o concurso, os nortes do projeto que se adaptou ao longo de mais de uma década às inúmeras vicissitudes de uma arquitetura pública sujeita às mudanças do tempo.
Na face oposta ao jardim, uma fachada-brise, contínua e precisa em direção à cidade, constrói o limite em relação à avenida, assim como a imagem representativa da instituição filtrando o ruído do tráfego urbano. O brise tridimensional composto por peças modulares de fundição de alumínio unifica vistas e luzes, refresca e protege da orientação oeste, onde as duas camadas da fachada, inalteráveis ao longo do tempo, facilitam sua manutenção e limpeza.
Assim, interpreta-se o brise tradicional que permite ver sem ser visto, arejar, refrescar e filtrar a luz. Na diferença de nível entre a avenida e o jardim, encaixa-se o espaço infantil, visível do nível superior de acesso, que integra um muro califal do século X. Uma arquibancada esculpida no jardim para atividades e leitura recupera o pavimento local de chino cordobês ao ar livre e nos remonta à origem do riacho que era o parque durante o califado.
No pavimento de acesso, sucedem-se a sala de estudos, sala multiuso e hemeroteca. A sala principal de leitura ocupa o primeiro pavimento, tem vista para o parque e orientação sul, sombreada pela ampla varanda linear. O amplo espaço de leitura é facilmente compreensível para o leitor, que encontra as diferentes áreas em um interior diáfano sob as claraboias geométricas que fragmentam a sala com painéis perfurados de alumínio que atuam como absorção sonora. A presença dos jardins no interior é constante e, do exterior, o edifício parece quase invisível, filtrado entre as grandes árvores que são as verdadeiros protagonistas da Biblioteca.