-
Arquitetos: FRARI - architecture network
- Área: 340 m²
- Ano: 2022
-
Fotografias:Ivo Tavares Studio
-
Fabricantes: Margres, Revigres, Sosoares
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta moradia, construída em 1945, pertence ao centro histórico de Ílhavo. É isolada, tem duas frentes e está construída com alvenaria de adobe, material vernacular típico desta zona do país. É um belíssimo exemplar do Português Suave, sendo notório o rigor na utilização dos elementos definidores deste movimento.
Em razoável estado de conservação ao nível das fachadas, mas em clara decadência das condições interiores, esta moradia carecia de obras de reabilitação e de requalificação, já que se manifestava incapaz de servir as necessidades que o habitar hoje requer.
Propusemos reabilitar o edifício com respeito máximo pelo desenho original, intervindo de forma discreta, apenas em zonas específicas e onde as novas necessidades assim o exigiam. A intervenção na fachada frontal foi de rigor e sensibilidade pelo existente, onde apenas se denota a alteração das caixilharias, por questões de conforto térmico.
Todo o edifício foi rebocado de branco, cor intemporal e, de resto, preferida na época original. O dever de interpretar o alçado posterior da moradia como uma nova fachada frontal foi essencial. Neste sentido, procurou-se resolver os aspetos menos cuidados desta fachada, onde se percebia que estava negligenciada, propondo-se demolir a parede exterior que encerrava a antiga varanda coberta, para dar lugar a uma estrutura permeável - um Cobogó em madeira natural - que protege aquela área sem, com isso, quebrar a sua relação visual com o logradouro.
O grande vão que se abre na varanda garante uma nova linguagem para aquele que é o espaço interior que maior intervenção sofre ao nível do primeiro piso - a suite principal. No piso térreo os interiores são severamente alterados, dado o seu avançado estado de degradação, para além de que tinham um desenho simplista, em comparação com as restantes áreas da moradia, carecendo de detalhes de época. Neste piso propôs-se uma total reorganização espacial, com a criação de uma área comum em open-space, que obrigou à demolição das compartimentações existentes.
Este é o espaço cuja linguagem é totalmente contemporânea, quer ao nível do desenho, como de revestimentos. Já nos interiores do piso 1 tudo foi mantido, tendo-se reabilitado o piso de madeira, as portas e guarnições e os tetos em estuque. O desenho foi respeitado, mas a intervenção denota-se na opção cromática, onde se abandonam as cores por compartimento, dando lugar a um branco total, que unifica, suaviza e assume uma linguagem contemporânea.