Descrição enviada pela equipe de projeto. Este Centro Comunitário inspira-se na cobertura-sombra e no pilar-horcón que caracteriza as fazendas da ruralidade chaqueña, na Argentina. A tipologia Culata Jovai de ambientes opostos é configurada dentro de espaços contínuos sob uma cobertura que serve para melhorar o conforto térmico e unifica o conjunto. Reinterpretações das paredes de pau-a-pique são materializadas com um sistema de brises com galerias que ampliam as dimensões do volume e facilitam sua conexão com o entorno.
Tendo como referência a arquitetura vernacular regional e os conhecimentos camponeses, são ativadas soluções bioclimáticas que compõem o eixo da proposta: resfriamento por ventilação cruzada, fachada gerando sombra vertical por meio dos tramados, ambientes opostos, galerias, etc. Sobre essa base, são incorporadas tecnologias sociais através de uma cobertura que também coleta água da chuva, armazenando-a em um tanque de reserva com tratamento ecológico das águas residuais. Os brises verticais são resolvidos através de treliças inspiradas nos característicos "envarillados" utilizados nas cercas vernaculares e nas técnicas de "pau-a-pique" empregadas nos sistemas construtivos com terra característicos da região. Esses sistemas filtram a radiação solar ao mesmo tempo em que ampliam a espacialidade do volume, incorporando galerias e espaços de transição entre o interior e o exterior.
Com o objetivo de testar sistemas para a produção social do habitat com integração dos atores locais, trabalhou-se com base em um workshop de construção e design participativo com a comunidade guarani Arete Guazú (Caimancito, Jujuy). Foram compartilhados conhecimentos no campo da construção e da agricultura, buscando o diálogo de saberes para a proposição de alternativas com identidade. A partir de uma série de exercícios e encontros para dimensionar as necessidades, projetou-se um espaço para a agrofloresta complementado por um Centro de Valor Agregado e diversas tecnologias sociais de acesso à água. Tanto as hortas quanto o salão fazem parte de uma proposta integral para fornecer soluções adequadas para o habitat com foco na geração de alimentos.
O uso da terra como material permite aproveitar sua capacidade higroscópica facilitando a absorção da umidade. Esse comportamento físico do material representa uma das vantagens que diferenciam esses sistemas construtivos na hora de fornecer conforto térmico. Sobre armações de madeira é colocada uma treliça de cana na qual é aplicado um reboco de terra, formando uma parede leve e com isolamento térmico necessário para as altas temperaturas da região. Os rebocos e tintas são estabilizados através de uma série de aditivos naturais que aumentam sua resistência à abrasão e erosão.
A metodologia de trabalho apresentada propõe evitar transferências alheias à realidade do local, elevando os atores regionais como criadores das intervenções e participantes de suas próprias decisões. Através dos processos apresentados, busca-se alcançar uma edificação apropriada capaz de responder aos conhecimentos, forma e função do espaço doméstico guarani. A arquitetura proposta responde às trajetórias das construções vernaculares, com a incorporação de soluções de tecnologia social capazes de responder à necessidade de água e à rigidez do clima.