-
Arquitetos: Balaio Arquitetura
- Área: 147 m²
- Ano: 2023
-
Fotografias:Manuel Sá
-
Fabricantes: Boobam, Fernando Jaeger, Jabuticasa, REKA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma das funções de um projeto de arquitetura, especificamente no universo das reformas, é potencializar o uso e/ou estilo de vida - se tratando de residencial - dos futuros moradores do imóvel. O que faz de uma casa, um lar, é a relação estabelecida com as pessoas que a habitam e esse é o foco do Balaio desde os primeiros traços de cada projeto. No Apartamento Vila Leopoldina não foi diferente.
Desenhado para um casal - ela escritora e ele editor - que passa longas horas em suas jornadas de trabalho exclusivamente remotas e que gostaria que esse espaço estivesse no topo das prioridades da residência. Era essencial que os escritórios viessem para a área social, com abundante iluminação natural e abastecidos por outras demandas do dia a dia, como a cozinha próxima para o preparo das refeições principais e, também, espaço para cafés mais rápidos e pontuais. Outra demanda importante era que os postos de trabalho, por mais que estabelecidos no mesmo ambiente, fossem separados e mantivessem suas individualidades.
Pouco se interveio na planta original, a não ser pelas alvenarias que compartimentavam área social, cozinha e corredor de acesso a lavanderia. Contudo, a materialidade foi um dos vetores para o raciocínio de disposição dos espaços, sobretudo a madeira. Queríamos aplicar esse material como um demarcador sensorial de cada demanda da área de maior atividade do apartamento e trouxemos esse conceito através de painéis e forros, que trabalham as alturas e delimitações para trazer diferentes noções espaciais de acordo com cada período e uso do dia. Em contrapeso, o revestimento escolhido para o piso traz unidade a todo o projeto, caminhando por todos os cômodos e amarrando esses ambientes a uma mesma paleta.
Os tons de cinza presentes nas placas cimentícias, granitos e marcenaria são aquecidos pelas folhas de madeira tauari em bastante evidência no apartamento. Com grande destaque, as pedras na área da cozinha revelam características naturais do material e assumem uma função plástica - além da sua própria essência prática - que reforça todo o raciocínio conceitual do projeto. A ilha surge em peças montadas e apoiadas no chão, em aspecto monolítico, e funciona como um articulador dos usos ao seu redor. Em paralelo, a bancada da pia é emoldurada e embutida na marcenaria, seguindo a linguagem que se esculpe em pedra, mas, dessa vez, se solta do chão e se ilumina através de um friso talhado nas próprias chapas.
No closet da suíte principal, um corredor de armários indica o fluxo que bifurca entre banheiro e dormitório. Os armários em grafite dão a vez para planos brancos, ainda em composição com a folha em madeira natural. A bancada anexa ao guarda-roupas assume a função de penteadeira, apoiada em um painel baixo que se desdobra ao longo do quarto, passando pela cabeceira de apoio à cama e finalizando seu percurso em uma cortina de linho rosa. No banheiro, as paredes recebem revestimentos com relevos orgânicos, onde apoiam-se chapas brancas que resultam em banco, prateleira e bancada para pia.