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Arquitetos: SQUAD architectes, Tectoniques Architects
- Área: 3800 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Luc Boegly, Maxime Verret
Descrição enviada pela equipe de projeto. Sabe-se que todo projeto arquitetônico deve necessariamente começar com uma leitura atenta do que já existe, entretanto, tentar compreender como os lugares evoluíram a longo ou médio prazo pode ser uma tarefa difícil. Felizmente, a cidade tem esta qualidade admirável: escreve a sua história nas suas ruas e à medida que as percorremos convidam-nos a discernir os seus principais acontecimentos. O projeto em questão trata-se de uma escola dos anos 1970 que necessita de reconstrução, originalmente localizada no centro de uma área agrícola sem qualquer consideração pelo contexto urbano envolvente. Além disso, foram construídos próximo ao local uma creche e escola primária, um refeitório escolar e um ginásio.
O projeto da nova Escola Ban de Vagney questiona a organização dos elementos da construção em relação àqueles que, como mencionamos anteriormente, já estavam lá. Nosso objetivo foi introduzir fluidez na dinâmica do bairro, com a consciência de que os edifícios públicos devem funcionar em harmonia com a cidade. Para tal, a nova escola está agora alinhada com a Jules Ferry Street, com o objetivo de reforçar a sua narrativa urbana e estabelecer um ecossistema educativo devidamente equilibrado.
Nossa abordagem foi caracterizada pelo desejo de criar um ecossistema fluido e equilibrado desde o início, atento às escalas entrelaçadas desde os aspectos urbanos até a sala de aula. Queríamos que Vagney tivesse um complexo educacional mais funcional, adaptável e coerente com seu entorno.
Tal como um organismo vivo, a escola é composta por vários órgãos diferenciados, cada um deles responsável por diversas funções interdependentes. Queríamos dar a esta unidade uma espinha dorsal capaz de sustentar estes diferentes usos e irrigar as suas próprias funções. Esta espinha dorsal é um conceito espacial e arquitetônico que tomamos emprestado da arquitetura antiga: a Ágora.
Um espaço aberto de livre acesso onde se encontram os principais elementos de uma cidade. Na nova escola significa uma galeria banhada de luz em direção a qual se volta cada elemento presente no seu interior. Para além do seu aspecto funcional, significa o desejo de valorizar possíveis usos, enriquecer a experiência de vida e manifestar a convivência entre as pessoas. A SQUAD imaginou e projetou cuidadosamente móveis específicos para mobiliar a Ágora, com o objetivo de oferecer aos alunos novas possibilidades de apropriação.
Acreditamos fielmente que o design bioclimático é essencial e deve ser planejado o mais cedo possível. O volume está localizado ao longo da estrada para atender à lógica urbana, ao mesmo tempo em que se beneficia de uma orientação solar favorável. Integramos pátios internos, posicionando as salas de aula nas fachadas norte e sul, protegendo-as da poderosa intensidade solar do leste e oeste sem a necessidade de proteções de fachada complexos.
Dado o clima rigoroso, o volume visa ser compacto, minimizando a perda de energia e, assim, dominando as necessidades de aquecimento. O objetivo da edificação é limitar suas necessidades de aquecimento a 25 kWh/m2 por ano. O aquecimento será obtido diretamente da rede de calor de Vagney, que é 90% alimentada por uma caldeira de biomassa. Para garantir esses objetivos, o volume possui estanqueidade meticulosa, isolamento passivo e vidros eficientes, garantindo que a temperatura da superfície das paredes internas corresponda de perto à temperatura do ar interno.
A construção consiste em uma vasta gama de componentes de madeira de todos os tamanhos e formas. Inclui grandes elementos como a viga laminada da passarela interna, que atinge 30 metros de comprimento e 1,8 metros de altura. O sistema construtivo utiliza a pré-fabricação de elementos modulares provenientes de florestas locais (a conhecida "fillière hêtre des Vosges"). Apenas alguns pontos de ancoragem e fachadas são feitos de concreto para proporcionar reforço estrutural.
O restante da edificação se desdobra como uma catedral de madeira. Os materiais de base biológica são amplamente utilizados, não somente pelas suas qualidades estruturais em esquadrias, pavimentos e fachadas, mas também pelas suas propriedades térmicas, durabilidade nos revestimentos e, por fim, pelo prazer da relação entre o homem e a delicadeza dos materiais naturais.