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Arquitetos: Casa Floresta
- Área: 280 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Anna Dietzsch, Ubiratan Suruí, Clara Jaxuká Morgenroth, Gabriel Uchida
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em meio ao território de quase dois milhões de hectares, em Rondônia, o Povo Jupaú passa a contar com o Centro Cultural e de Mídia Jupaú, construído para abrigar equipamentos como drones, computadores e ilhas de edição, para documentar e preservar sua área e seus costumes. Projetado pela Casa Floresta, fundado por Anna Julia Dietzsch, da Arquitetura da Convivência, com Luis Octavio Farias e Silva, Clarissa Morgenroth e Paulla Mattos, da Escola da Cidade, o desenho do espaço foi inspirado em uma oca tradicional Jupaú, e seus 280 metros quadrados foram erguidos com madeira apreendida durante fiscalizações do Ministério Público na região. A contribuição para o Centro Cultural e de Mídia se soma à trajetória da ArC, que sempre busca valorizar a integração com o meio ambiente. Também é um desdobramento da pesquisa de Dietzsch sobre a urbanização da Amazônia com desenvolvimento ecológico integrado e valorização dos saberes dos povos originários.
O desenho arquitetônico do Centro Cultural e de Mídia é uma iniciativa da Casa Floresta, núcleo de projeto e pesquisa aplicada para áreas urbanas ligadas à floresta e aos povos originários. A partir do projeto da Casa Floresta, a edificação foi estruturada por um sistema de vigas recíprocas coberto com taubilhas (telhas de madeira). A fachada é revestida com painéis de palha trançada pelo Povo Jupaú, mesclando os saberes tradicionais e a tecnologia moderna. O Centro Cultural e de Mídia é uma realização da Documist com a Associação Kanindé e a Associação Jupaú. Atualmente, os envolvidos buscam arrecadar fundos para completar a compra de equipamentos audiovisuais que serão usados para a defesa das terras e costumes.
O Centro Cultural e de Mídia tem espaços dedicados ao uso e guarda de tecnologias de monitoramento usadas pelos indígenas para defender ativamente o território contra as investidas de grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros que invadem a área que já é demarcada. Foi desenhado para também servir como ponto de encontro entre as diferentes aldeias Jupaús, outras etnias e visitantes, com espaço multiuso para redário, reuniões e apresentações.
A resistência contra o desmatamento e a luta de indígenas como Bitaté Uru-Eu-Wau-Wau e Neidinha Suruí, mãe de Txai Suruí e integrante da equipe de coordenação da Associação Kanindé, foram retratadas em “O Território”, da National Geographic Documentary Films. O documentário foi dirigido por Alex Pritz, fundador da Documist, e pelo documentarista Gabriel Uchida, e com produção executiva da ativista Txai Suruí. Vencedor do Festival Internacional Sundence, o longa-metragem reúne imagens reais capturadas ao longo de três anos.
Os Uru-Eu-Wau-Wau, autodenominados Jupaú, constituem um povo indígena falante da língua Kawahib e presente no norte do estado brasileiro de Rondônia. Trata-se de um grupo formado por indivíduos jovens, pois a maior parte dos anciãos morreram assassinados na década de 1980 quando o território foi invadido, ou ainda por contato com doenças trazidas por não-indígenas, como a malária. A população agora se estabilizou e começa a se recuperar.