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Arquitetos: YVA Arquitetura
- Área: 74 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Gabriel Tomich
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Fabricantes: Eternit, Injeta Telhas, Jailton Ind Vidros de Segurança, PedraCota Pedras Decorativas
Descrição enviada pela equipe de projeto. No distrito de Guajuvira, a 35 km da cidade de Curitiba, a paisagem rural mantida por famílias do pequeno agronegócio é constantemente entrecortada por resquícios da vegetação nativa da mata atlântica. Sempre protegendo olhos de água e pequenos córregos que hidratam a bacia do rio Iguaçu, esses maciços vegetais abrigam espécies protegidas, como a araucária – árvore que dá nome à cidade.
É neste contexto, dentro de uma porção de um bosque ainda não muito denso, que os arquitetos receberam a encomenda de criar um espaço para relaxamento, silêncio e atividades físicas. Um lugar para o corpo e mente, com a prerrogativa fundamental de neutralizar a intervenção construída na condição natural existente - ou, ao menos, minimizar a presença visual da interferência humana.
O conceito de um pavilhão composto por materiais secos, que deveriam ser montados, surgiu como resposta para reduzir o impacto da sujeira molhada e particulada da construção (argamassas, concreto, cimento) e redução do tempo de obra. A volumetria alongada, típica de um pavilhão, é resultado do levantamento do espaço livre sem árvores, para que nenhuma fosse cortada. A pedido do cliente, que segue a tradição budista tibetana, a obra deveria revirar o mínimo possível o solo, na busca da redução de mortandade de animais e insetos dentro da terra, e preservar a passagem de outros tantos que caminham a rés do chão. Por isso, a obra se eleva do solo sobre vigas baldrames de concreto, mantendo a topografia do solo inalterada e passagem livre para tatus, formigas e lagartos.
Uma série de pórticos em madeira maciça de Itaúba se alinham em uma modulação de três metros e meio - que formam quadrados identificáveis em todos os lados e piso do pavilhão - para conter e estruturar, externamente, o espaço quase intangível resultante da vedação em vidro transparente. Uma sala de atividades físicas, uma banheira adjacente ao volume branco do banheiro e uma sala de estar e meditação compõem os 74 m2 do pavilhão, com pequenas varandas nas duas extremidades. O piso e o teto são esbeltos na medida suficiente para atender as demandas físicas de suportar peso e proteger do tempo.
O resto é apenas a luz atravessando a construção que convoca o próprio ambiente externo natural a completar a arquitetura. Ao longo do dia, a luz que altera as cores das várias camadas de vegetação, preenche imediatamente os espaços internos. Com 12 aberturas de correr, sempre uma em oposição direta à outra, o ambiente interno se resfria ou aquece com a passagem desobstruída do vento. Quando abertas, é possível também ouvir o som do riacho próximo, de tal forma que estar dentro do pavilhão é quase como estar diretamente no meio da mata do Guajuvira, experiência captada através de todos os sentidos da percepção.