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Arquitetos: dbA. arquitectura
- Área: 800 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Garcês
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Fabricantes: Cinca, Multiplacas, Sanitana
Descrição enviada pela equipe de projeto. A requalificação da antiga Casa do Povo passou por uma estratégia projetual, que responde às necessidades programáticas da sua re-funcionalização (como sede de diversas associações culturais e sala polivalente), articulando ainda o terreno existente com a sua envolvente urbana e simbólica.
Constatou-se que o edifício, na sua versão mais fiel ao projeto inicial, tinha condições favoráveis à resposta à sua nova função. Assim, ao verificarmos que o edifício apresentava um conjunto significativo de alterações, foi adotada uma estratégia de eliminação de elementos delas resultantes, muitas vezes dissonantes, de modo a restituir o espírito inicial do edifício. Posteriormente, numa atitude de integração suave, procurou-se articular o conjunto de elementos funcionais e técnicos essenciais ao funcionamento do edifício com as exigências da sua nova função.
As fachadas do edifício com dois pisos foram recuperadas, possuindo características da sua época de construção (décadas de 1950 e 1960) com valor patrimonial. Ainda assim, sofreram alterações, devido a exigências de Segurança Contra Incêndios. Então, foi prevista uma escada, na fachada Norte, confinante com o logradouro, criando-se uma saída alternativa da Sala Polivalente (antiga Sala de Espetáculos) para o exterior. Para integrar este elemento na fachada existente, projetou-se um terraço em gradil e elementos metálicos, assente em pilares em “V”, que funciona como um balcão para o logradouro.
No piso 0 deste edifício, já se situavam, além dos átrios de entrada, vários gabinetes, onde se poderão agora instalar associações e entidades, bem como instalações sanitárias de apoio às mesmas. A sua circulação interior de origem encontrava-se interrompida em diversos pontos, o que se tornava disfuncional. Por isso, foi desobstruído o corredor existente no sentido longitudinal, ligando-se as duas zonas de entrada existentes.
No piso superior, projetaram-se dois gabinetes com arrumos junto ao Foyer da Sala Polivalente. Junto à sua entrada, criaram-se instalações sanitárias e, na zona posterior ao palco, reformularam-se os balneários existentes. Na Sala Polivalente, a cobertura foi reconstruída, utilizando-se uma estrutura atirantada de madeira e forrando-se a cobertura a cortiça negra no seu interior. Isto ampliou-a espacialmente em relação à sua configuração original. Além disso, a intervenção contribuiu para uma melhoria acústica e térmica do espaço. Os tirantes estruturais e as esteiras para passagem de cabos, foram também utilizados como suporte para a iluminação do espaço.
Para a minimizar a intervenção nas paredes existentes devido à passagem de instalações, criaram-se tetos falsos nas circulações. Procurou-se potenciar esteticamente estes elementos, que ficaram destacados das paredes, possibilitando a criação de sancas de iluminação. Além disso, foram previstos painéis em azulejo, tanto no Foyer como nos balneários, sendo que a métrica dos azulejos foi usada como grafismo e padrão, para a criação de um lettering e pictogramas, com tonalidades que variam numa gama de azuis, baseadas no azul suave dos lambris existentes.
Relativamente à materialidade do projeto, tentou-se manter os acabamentos, bem como os elementos de carpintaria e serralharia existentes. Nas zonas em que tal não foi possível, procurou-se utilizar materiais que se integrassem de forma coerente com os presentes na construção original, tendo-se sempre também em conta o controlo de custos.