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Arquitetos: Q_arts Arquitetura
- Área: 279 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Juliano Mendes
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Fabricantes: Fábrica De Mosaicos, Gypsum Dry Wall, Move Elevadores
Descrição enviada pela equipe de projeto. A edificação, conhecida como a antiga sede do Jornal Correio do Povo, foi construída em 1939 e teve a sua função original de residência unifamiliar com térreo comercial conforme os padrões deste contexto. Esta, apresenta atributos representativos do Art Déco, movimento de artes visuais e arquitetônico vigente no período contemporâneo à construção da edificação. Esta linguagem sugere a geometrização e simplificação dos elementos decorativos e pode ser mais bem identificada na fachada orientada à histórica Avenida Rio Branco. Na sua configuração original, a fachada sugere a repartição em Base, Corpo e Coroamento, seguindo a ordenação compositiva bastante presente nesta linguagem. A Base compreende integralmente a testada do terreno. Originalmente esse pavimento organizava um espaço comercial, uma garagem e o acesso ao segundo. Os pavimentos seguintes, contemplavam o espaço doméstico.
A implantação do corpo da edificação sobre a base apresenta um afastamento de aproximadamente três metros da fachada Sul em relação ao terreno lindeiro. Era por meio desse pátio lateral que aconteciam os acessos de serviços e social à residência. A composição assimétrica, tão evidente no alçado da Avenida, decompõe a fachada em dois segmentos e nesta, reflete a organização dos ambientes internos. O segmento que contém o acesso à residência está centralizado em relação à testada do terreno. Os balcões curvos se projetam sobre o passeio e o coroamento segue a mesma lógica formal. O sutil escalonamento das platibandas, os elementos geométricos, os frisos verticais e as aplicações em relevo de referência zigue zague, confirmam as intenções de seguir a linguagem do Movimento vigente. O remate da platibanda apresenta um dos elementos decorativos mais significativos e de identidade da edificação: as iniciais do nome da primeira proprietária. Esse ornamento em relevo coincide com a linha de simetria que ordena a composição desse segmento. Uma intervenção significativa foi realizada após o imóvel ser adquirido pela empresa Jornalística Caldas Junior (Correio do Povo), no final dos anos 80. Em 2018, quando o imóvel foi adquirido pelo Jornalista Marcelo Canellas, a maioria dos elementos mencionados permaneciam na sua integridade. No térreo, uma pedra baliza os limites da edificação (e nomina a casa).
O projeto para o Coworking Casa Pedra teve como premissa a viabilidade de conciliar o novo programa sem comprometer a originalidade da edificação. Desta forma, as intervenções se resumem em proporcionar acessibilidade por meio de plataforma elevatória até o segundo pavimento e compatibilização com as intervenções de estrutura, instalações elétricas e luminotécnico. No terceiro pavimento ambientes foram integrados para melhor respostas à configuração de espaços colaborativos. A cobertura do pátio lateral protege o acesso à Casa Pedra e seu desenho foi um resgate das memórias da antiga moradora. Os motivos remetem ao antigo forro que não pôde ser preservado. Os mesmos, são levados para o desenho das pérgolas internas que configuram os suportes para a iluminação. Durante a obra, pinturas murais foram reveladas pela remoção das camadas de tintas e preservadas para este novo uso. Recentemente a edificação foi tombada pelo município o que reitera a sua importância como bem cultural.