- Área: 1000 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:André Scarpa, Acervo MLD RAI
Descrição enviada pela equipe de projeto. A edificação da antiga sede do Brasilianische Bank Für Deutschland, e posteriormente dos Bancos Alemão e Franco-Brasileiro, é reconhecida como patrimônio histórico-cultural da cidade de São Paulo através da Resolução de Tombamento 22/2016 do CONPRESP, que protege um conjunto de 217 imóveis e 2 logradouros enquadrados como Z8-200 (atual ZEPEC). Segundo a mesma resolução, o imóvel se enquadra em preservação parcial, que incide sobre a volumetria e as características arquitetônicas externas do bem tombado, sendo tão somente admitidas intervenções pertinentes à conservação e restauro das fachadas e cobertura, sem que haja modificação de vãos, estrutura, materiais ou características arquitetônicas.
As características das fachadas do edifício remetem à arquitetura românica, tendo-se como principais características: a horizontalidade do edifício, com gabarito baixo; a aparente solidez e robustez da construção, promovida pelos materiais aplicados; a existência de uma série de relevos em pedra ou imitando-a; o emprego de colunas, pilastras e arcos de volta perfeita ou romanos; a profusão de capitéis compósitos e mascarões, com expressões que se reportaram às mitologias nórdica e germânica. Foram identificados dezessete mascarões diferentes nas fachadas, inseridos nos vértices entre os arcos das esquadrias e em capitéis, sendo os das fachadas frontais esculpidos em granito, e os da fachada lateral em argamassa de pedra fingida.
O partido da intervenção conservativa para as fachadas é caracterizado pelo mantenimento da estratigrafia temporal ocorrida ao longo de mais de 70 anos de sobreposições construtivas, que pode ser dividida em 4 fases, a saber:
1. A primeira fase construtiva da edificação em questão, datada de 1897, diz respeito à construção de edifício de três pavimentos (térreo + 2 pavimentos), para abrigar a sede do antigo Brasilianische Bank Für Deutschland e, posteriormente, Banco Alemão. A autoria do projeto é de Guilherme Krug & Filho [Jorge Krug].
2. A segunda fase construtiva da edificação, datada de 1910, contempla a primeira ampliação do edifício para abrigar o antigo Banco Franco-Brasileiro, acrescentando o volume da esquina entre as ruas XV de Novembro e 3 de Dezembro, bem como toda a porção da rua 3 de Dezembro, ambos também com três pavimentos (térreo + 2 pavimentos). A autoria do projeto é de Augusto Fried.
3. A terceira fase construtiva da edificação, datada de 1963, refere-se à construção de um pavimento (4º) sobre todo o corpo do edifício ampliando a sede do antigo Banco Franco-Brasileiro, em projeto de autoria desconhecida.
4. A quarta fase construtiva da edificação diz respeito à todas as intervenções sofridas pela edificação entre a ampliação de 1963 e o ano de 2020, como a troca do revestimento da cobertura e de grande parte das esquadrias e a construção de anexos.
Finalmente, o projeto definiu a remoção de uma série de elementos espúrios acrescidos ao longo dos anos às fachadas da edificação, bem como o saneamento das patologias existentes, de forma a devolver a integridade material e estética ao edifício, trazendo à tona as camadas temporais da edificação e as características plásticas de seus revestimentos e elementos originais.