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Arquitetos: AzulPitanga
- Área: 62 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Igor Ribeiro
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Fabricantes: Fábrica de Mosaicos de Barbalha, Jane dos Granitos, Madeireira Santa Edwirgens
Descrição enviada pela equipe de projeto. Filho de Iemanjá, Pai de Santo, Filho do Candomblé... poderia ser uma história sobre religião de matriz africana, como também os elementos oriundos do terreiro para dar origem a um abrigo. O Refúgio do Sol, como o próprio nome diz: um pequeno abrigo aconchegante que protege, em pleno sertão brasileiro, os usuários do sol escaldante.
Os tambores deram espaço para os movimentos corporais de apiloamento e arremeço da terra: a taipa de pilão e o pau a pique, respectivamente. Os instrumentos de corda deram lugar a linha de costura para fixar a tela plástica, o esqueleto da argamassa armada que compõe o bloco hidráulico.
O Refúgio do Sol emerge como uma elegante casa de campo destinada a acolher um casal durante os fins de semana. Com início em agosto de 2020 e conclusão em setembro de 2021, a residência, com 62,50m² de área construída, está situada no Sítio Solzinho, na zona rural de Barbalha (CE), na deslumbrante Chapada do Araripe. O projeto abraça uma fusão de técnicas construtivas, como taipa de pilão, taipa de mão e argamassa armada, visando estabelecer uma sinergia aprimorada entre a presença humana (conforto ambiental) e os elementos naturais circundantes (relevo, sol, ventos, tempo, paisagens, águas e vegetação).
O desafio central consistiu em preservar a deslumbrante vista da Chapada do Araripe a oeste, ao mesmo tempo em que protegia o interior da casa da intensidade solar característica do sertão do Cariri. Como solução, optou-se por implantar uma imponente parede de taipa de pilão, medindo 0,40m de espessura, 8,0m de comprimento e 4,8m de altura, na orientação norte-sul. Essa estrutura visa salvaguardar o espaço interno da incidência solar poente, aproveitando sua elevada inércia térmica.
A partir dessa parede de taipa de pilão, todo o projeto se desenvolveu. À esquerda, na face poente, ergue-se o bloco hidráulico em argamassa armada, abrigando o banheiro social e a área de serviço no térreo, o banheiro da suíte e a varanda no primeiro pavimento, e acima, a caixa d'água. À direita da parede de taipa de pilão, na face nascente, uma estrutura leve e simples se manifesta com quatro pilares e quatro vigas de madeira, conectando-se à taipa de pilão. As paredes para o nascente foram confeccionadas com taipa de mão, vidros móveis e fixos e janelas garimpadas em antiquários.
Para o tratamento das águas provenientes de pias e bacias, adotou-se um ciclo de bananeiras e uma bacia de evapotranspiração, incorporando práticas sustentáveis.
O processo artesanal de construção proporcionou uma experiência única, transformando cada etapa em um canteiro experimental. Este enfoque permitiu que todos os envolvidos na obra e transeuntes vivenciassem um processo enriquecedor, repleto de aprendizados e trocas de conhecimentos.