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Arquitetos: Blurring Boundaries
- Área: 557 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Inclined Studio
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Fabricantes: GM, IIA CAD, Jaquar
Descrição enviada pela equipe de projeto. Maativan significa um santuário de construção natural feito de lama, localizado no coração da floresta. A fazenda natural está situada às margens da área florestal preservada de Wada, próxima a Mumbai, na Índia, e representa um testemunho dedicado à consciência ambiental por meio da integração de uma variada gama de materiais, design biofílico, princípios de climatologia do design passivo e tecnologia de construção. Maativan destaca a harmonia com a natureza ao planejar cuidadosamente os espaços ao redor das árvores existentes, mantendo a vegetação natural. O projeto segue os princípios da arquitetura biofílica, sendo influenciado pelas formas orgânicas presentes na natureza e pela efemeridade da luz natural. O objetivo era criar uma experiência imersiva e atmosférica que evocasse a sensação de estar em uma floresta, em um espaço ao ar livre luxuriante sob uma cobertura natural adornada com vegetação. As formas orgânicas que se integram ao ambiente seguem a inspiração das obras e da filosofia dos arquitetos Nari Gandhi e Javier Senosiain.
Situado em um refúgio de agroturismo inspirado na permacultura, nos limites das florestas reservadas de Tansa, em Wada, o projeto destaca-se pelas suas paredes orgânicas e curvas, integrando-se perfeitamente às árvores existentes. O edifício, de baixa altura, harmoniza-se com a área florestal, alcançando uma integração perfeita com o entorno circundante. Ao adentrar a Maativan, a jornada se inicia em um pátio aberto banhado por luz natural, situado no meio de uma dança de pedras, conduzindo a passagens que levam de maneira fluida aos reinos entrelaçados da vida e da alimentação. O uso de cores terrosas cria uma atmosfera lúdica, em contraste com os tons verdes ao redor. Essa poesia espacial se desdobra dentro dos limites de quatro quartos, pátios e áreas comuns. Cada espaço transforma-se em uma tela para a celebração de materiais naturais distintos, incorporando elementos reciclados, como rodas e garrafas de vidro, conferindo uma ressonância artística ao ambiente. A interação entre luz e sombra adiciona uma qualidade etérea à atmosfera. As passagens se revelam, guiando os residentes até os quatro quartos dispostos para proporcionar privacidade, abrindo-se para o lado da floresta, oferecendo vistas cativantes. Os banheiros são projetados com vista para áreas abertas, utilizando a paisagem natural coberta de vegetação como uma barreira para o mundo exterior. Infundidos com tons vibrantes, esses espaços ressoam com a interação da luz natural, incorporando à narrativa arquitetônica uma vibração harmoniosa e serena.
O projeto, fundamentado na climatologia, assegura a presença de luz e ventilação naturais, criando um ambiente construído confortável. Estrategicamente localizadas ao sul, as paredes de barro reduzem o ganho de calor, enquanto a inclinação da cobertura para o norte minimiza a exposição ao sul, preservando a ecologia circundante. Os pátios ao redor das árvores existentes, nos espaços construídos e nas passagens, desempenham um papel vital na criação de um ambiente naturalmente iluminado e bem ventilado. O posicionamento estratégico das aberturas aproveita os padrões predominantes de ventilação cruzada, combinado com tecnologia de ventilação mecânica de baixo consumo de energia, derivada das práticas agrícolas locais. Um sistema de resfriamento de baixo consumo de energia, que aspira o ar resfriado por meio de celulose úmida com a ajuda de um exaustor, foi planejado para todos os ambientes.
O comprometimento do projeto com a sustentabilidade estende-se à utilização de materiais naturais e técnicas tradicionais, evitando processos de fabricação intensivos em energia. Essa seleção consciente de materiais alinha-se com os princípios ambientais, proporcionando um isolamento eficaz que garante conforto independentemente das variações sazonais. A estrutura, composta por paredes de barro, pedra, telhados de bambu e madeira, rebocos de cal e materiais reciclados, reflete uma profunda conexão com as tradições locais e um compromisso com a minimização do impacto ambiental. A mão de obra e artesãos locais, junto com técnicas vernáculas de construção indianas, foram empregadas, enriquecendo ainda mais o projeto com um senso de autenticidade cultural. A mentalidade arquitetônica abraça de forma consciente a reciclagem, incorporando de maneira engenhosa pneus descartados, garrafas de vidro, reforço de resíduos, resíduos de vidro e terracota na estrutura. A aplicação dos princípios de reciclagem, reutilização e upcycling reduz o desperdício e transforma esses elementos em componentes integrais, artísticos e funcionais. Essa abordagem não apenas contribui para a sustentabilidade ambiental, mas também adiciona uma camada de criatividade e propósito aos elementos construtivos, destacando a importância da reutilização de recursos na prática arquitetônica.
A seleção de materiais para este edifício natural é uma cuidadosa curadoria de recursos locais e materiais de construção naturais de baixa pegada energética. Madeira, solo e pedra, obtidos localmente, compõem os elementos estruturais da construção, sendo a madeira e o bambu estrutural utilizados nas principais estruturas e no telhado. Paredes de terra, com aditivos locais, e paredes de pedra basáltica são empregadas nas estruturas. As paredes de terra são compostas por uma mistura meticulosamente elaborada de solo, casca de arroz, água de hirda (sementes de myrobalan), água de nim e água de amido. A pedra Kota é utilizada para criar padrões decorativos nas divisórias entre os espaços, permitindo separações visuais ou físicas conforme necessário. Gesso de cal, cal, cinza, Turki (pó de tijolo queimado), areia e óleo de linhaça, com corantes coloridos, impregnam o espaço com uma vibrante paleta de cores. O piso adota o tradicional IPS, já muito utilizado, com pigmentos coloridos exclusivos. O mobiliário desta estrutura curva singular é construído com bambu local, lama e cal, utilizando a técnica de pau-a-pique.
A combinação desta diversificada paleta de materiais não apenas fortalece a integridade estrutural das paredes, mas também desempenha um papel significativo na promoção de um ambiente interior mais saudável, alinhando-se aos princípios contemporâneos de sustentabilidade. Através da fusão perspicaz de materiais locais, inovadoras práticas de reciclagem e a aplicação criteriosa de técnicas de construção vernáculas específicas da região, a Maativan destaca-se como um exemplo moderno de construção sustentável, ressoando com a filosofia da evolução arquitetônica consciente. A estrutura é integrada com técnicas de design para conservação passiva de energia, aliadas à gestão ativa de água, manejo de resíduos sólidos e tecnologias solares.
A água proveniente das pias, banheiros e cozinha é direcionada para áreas paisagísticas locais. Os resíduos sólidos são encaminhados para uma fossa central, com camadas de solo de 9″ compactadas entre duas camadas de telhas de barro quebradas para facilitar a decomposição com a ajuda de decompositores orgânicos. Os resíduos da cozinha são destinados a fossas de compostagem para fertilizar a horta local. A energia da estrutura é principalmente proveniente de painéis solares, inversores e sistemas de bateria, dada a demanda moderada de energia para a estrutura e equipamentos. O design biofílico sustentável e contextualmente responsivo da Maativan transcende as fronteiras arquitetônicas, incorporando uma mistura harmoniosa de inovação, sensibilidade cultural e gestão ambiental.