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Arquitetos: Akio Isshiki Architects
- Área: 102 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Yosuke Ohtake
Descrição enviada pela equipe de projeto. A forma como as crianças percebem o espaço pode ser ligeiramente diferente de como nós adultos o percebemos. Foi isso que pensei enquanto observava casualmente as filhas do cliente brincando. Os móveis de brinquedo não cabiam mais dentro da casa de telhado vermelho, então elas juntaram as mesas e geladeiras que estavam para fora e as organizaram no chão. Às vezes, aquilo se tornava uma sala de jantar sob o céu azul ou uma sala de estudos onde as crianças chegavam da escola e faziam a lição de casa juntas. Elas também traziam blocos de Lego e outros brinquedos, e o quarto improvisado continuava se expandindo. Era uma casa de um dia desenhada por crianças que não sabem ler plantas baixas.
Como adultos, temos que olhar para plantas baixas com cômodos alinhados lado a lado, pensando em quantos quartos uma família precisa, qual o tamanho ideal para a sala de estar e encontrar uma planta que todos possam viver sem nenhum inconveniente. A planta em papel se aproxima de nós sem nenhum senso de realidade, forçando famílias que mudam constantemente a viverem em uma planta baixa bidimensional.
Renovei uma casa pré-fabricada de 30 anos. Ela estava localizada no final de uma fileira de residências pré-fabricadas uniformemente construídas. A fachada estreita e repetitiva parecia ter uma planta baixa padronizada anexada na parte posterior, o que me remeteu a um espaço de estar escuro e abafado. Eu queria me livrar dessa imagem, mas considerando o orçamento, pensei que seria melhor não fazer grandes alterações no exterior e reutilizar o interior da casa o máximo possível. Portanto, tive a ideia de inserir um cômodo (ou melhor, um "espaço em branco") sem nome ou função especial na frente da casa, atravessando três níveis. Dessa forma, ao separar a elevação e a planta baixa, pensei em criar um espaço residencial que transcende a ordem bidimensional.
Aproximadamente 1/3 da área da casa foi utilizada para este espaço em branco. As fronteiras entre ele e cada cômodo são demarcadas por algo tão ambíguo e transparente quanto possível, como telas de shoji cobertas de renda, cortinas, vidro e uma porta diagonal de madeira que se abre completamente. Isso permite que a vida da família transborde para o espaço em branco, de acordo com as mudanças diárias e as diferenças de cada membro da família. Externamente, criei um espaço para um estacionamento de bicicletas coberto por uma lona translúcida e um pequeno jardim. Dessa forma, o espaço em branco se estende para fora da casa, transcendendo as limitações da elevação e da planta. Espero que essa casa renascida ofereça para a família um espaço livre que não cabe em uma planta baixa bidimensional.