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Arquitetos: Archi-Union Architects
- Área: 868 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Ke Wang
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em maio de 2022, o Centro Rural "Lin Pan Cloud Eye" foi concluído após 8 meses desde o início do projeto. O bairro rural Dayi Yunshang abrange uma área de aproximadamente 4450 hectares e está localizado em Qingxia Town, Dayi, China. O projeto fica a cerca de 50 minutos de carro da cidade de Chengdu ao longo da Rodovia Expressa Cheng Wen Qiong.
Renaturalizando a topologia orgânica. A base está localizada em uma saída a dez minutos de carro da entrada do resort. O terreno se espalha de norte a sul ao longo da montanha, com um riacho fluindo a partir do leste, cercado por uma exuberante floresta de bambu. Para nós, o primeiro aspecto a ser pensado é o que o novo espaço representará na paisagem original. Esperamos moldar uma intenção de paisagem que esteja naturalmente integrada com a montanha, mantendo a floresta de bambu no local, e abrindo um pequeno pátio seguindo a topografia e o status quo circundante, que é verticalmente sobreposto, com um ou dois andares de espaços de atividade e três andares de terraços de observação sobrepostos formando uma relação paralela com o lado posterior dos penhascos.
Desde o pátio de três andares é possível ver os campos e colinas constituindo a moldura pela qual as paisagens internas e externas se encontram a partir do conceito de "olhos das nuvens". A configuração do contorno é derivada das montanhas ondulantes, estendendo-se e dobrando-se ao longo da tendência vertical do espaço. As fronteiras entre “interior e exterior”, “telhado e fachada” e “topo e solo” são esfumaçadas pela topologia geométrica, criando uma sensação de espaço não direcional. A cobertura é rasgada no segundo e terceiro andares para formar o sombreamento da fachada e do terraço respectivamente, definindo a relação entre “ser visto” e “ver” através das transformações geométricas. A entrada no térreo não está diretamente voltada para a via exterior; os pedestres seguem a cerca de bambu até o pátio. Aqui, a cobertura fluida serve como entrada, enquanto as plataformas externas do segundo e terceiro andares também se sobrepõem verticalmente neste espaço. Fazendo a transição entre exterior calmo e relaxante do pátio para o espaço nodal na entrada do volume, o ritmo espacial progressivo guia o usuário através de uma transição gradual do movimento para a quietude.
O centro rural integra duas funções fundamentais: serviços culturais e de saúde comunitária. Ele é coberto por um sistema de telhado contínuo, criando um layout vertical coeso e pontual. Três espaços exteriores encerram-no no centro: um pátio de entrada em bambu, um pátio verde capaz de acomodar a vida comunitária e atividades de encontro, e um terraço ajardinado conformado pela cobertura do terceiro andar. Devido à influência de um clima chuvoso, as construções locais tradicionais no oeste de Sichuan muitas vezes apresentam numerosos espaços para caminhadas que se assemelham a "passagens cobertas" para proteger contra o vento e a chuva. Esta tipologia espacial estende-se também à organização do fluxo nos espaços externos interligados com o centro comunitário. Múltiplos caminhos conectam os espaços exteriores com o edifício e, através de aberturas de grande escala e estruturas suspensas, ligam estreitamente os espaços interiores e exteriores em termos de linhas de visão e rotas de circulação. O centro comunitário integra a coordenação de vários tipos de fluxos pedonais e atende diversos grupos, incluindo hóspedes do resort em busca de lazer e entretenimento, moradores de comunidades próximas, usuários do centro comunitário e administradores. Cada grupo se envolve em diferentes atividades, como passeios, reuniões, apresentações, leituras, aulas extracurriculares e treinamentos. Embora estes indivíduos e atividades tenham locais e áreas designadas, também podem interagir positivamente dentro de uma estrutura espacial aberta e fluida. Em última análise, pretendemos que o centro comunitário se torne um centro social que estimule a energia pública.
O primeiro andar apresenta áreas elevadas significativas, permitindo que o volume paire acima do bambuzal. Este projeto estende o espaço cinza para um pátio externo delimitado por cercas baixas de bambu. Os visitantes sentados no pátio podem facilmente contemplar e apreciar a distante paisagem pastoral. O espaço no segundo andar apresenta um caráter mais contido em comparação com o primeiro. O sistema de cobertura do segundo andar se inclina para baixo, criando um ambiente separado. As plataformas de visualização de ambos os lados também são envolvidas por formas, aumentando a privacidade. A tecelagem artesanal de bambu é utilizada tanto nos forros internos quanto externos, trazendo as propriedades naturais do material e o artesanato requintado para mais perto dos usuários, tornando o espaço de reunião ainda mais confortável. O terceiro andar funciona como um espaço exterior aberto, totalmente exposto à natureza e ao ambiente envolvente. Este nível é aberto de norte a sul, formando um corredor visual. Na plataforma, é possível vivenciar a montanha atrás do volume e apreciar a vista do riacho. A moldura natural formada pelas montanhas circundantes confere a sensação de não estar dentro do volume, mas sim no meio das montanhas. A tradicional cobertura inclinada apresenta-se de forma convidativa, permitindo observar de perto a forma da cobertura e a textura das telhas. Com isso, os usuários do centro rural podem vivenciar melhor o contexto imersivo do local estando rodeados pelo espaço e pela natureza.
Localidade não local. O sistema estrutural da cobertura consiste em três vigas curvas circulares dispostas de dentro para fora, com variações complexas de curvatura que fazem com que as tradicionais ligações viga-pilar não sejam mais aplicáveis. Ao utilizar a curva para situar as três vigas de aço circulares correspondentes, uma viga de conexão uniformemente distribuída é gerada por meios digitais. Em seguida, todas as curvas são racionalizadas em linhas retas, garantindo a precisão, reduzindo significativamente os custos de processamento. Como resultado, parte do telhado forma uma cobertura estrutural unificada. As fachadas internas e externas são adornadas com bambu artesanal local. Esta integração incorpora técnicas tradicionais de tecelagem de bambu do patrimônio cultural imaterial da área de Sichuan, tecendo arte humanística no espaço físico. O artesanato local e natural substitui os materiais duros tradicionais para a instalação de superfícies internas de forros e corrimãos.
A construção inteligente abriu novas perspectivas para o desenvolvimento rural. A “parede de água” impressa em 3D serve como elemento central de divisão espacial, traduzindo as imagens dinâmicas e naturais da água em formato digital. Na fase inicial do projeto, foram utilizados algoritmos para capturar a dinâmica momentânea do riacho quando ele estava parado, e então esse processo dinâmico foi expresso através de uma linguagem arquitetônica textural. A textura gerada é compilada em um código legível digitalmente, permitindo que robôs concluam a pré-fabricação dos painéis. Dessa forma, alcançamos um processo inteligente de ponta a ponta, desde o projeto orientado por algoritmo até a construção de pré-fabricação assistida por robô. Embora o projeto não seja de grande escala, ele foi o resultado de um esforço considerável de uma grande equipe de investigadores. Acreditamos firmemente que a integração da tecnologia de design digital com a tradição arquitetônica e o ambiente humanístico é uma nova direção para a construção rural. No nosso processo criativo, honramos a cultura e a natureza, procurando um equilíbrio entre a “forma arquitetônica” e a “forma natural” nos princípios construtivos. Fundamentados na tecnologia mas regressando à natureza, esta é a afirmação que esperamos obter com tal empreitada.
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