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Arquitetos: KWK PROMES
- Área: 3601 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Juliusz Sokołowski, Jakub Certowicz, Jan Antos, Dita Eibenova, Martin Polak, Dominika Goralska
Descrição enviada pela equipe de projeto. Ao salvar um edifício histórico e convertê-lo em uma galeria de arte, implementamos uma solução que democratiza o acesso à arte. As paredes giratórias permitem que a arte se expanda para fora do edifício de uma maneira incomum. Além disso, transformamos o espaço ao redor da galeria, que antes estava contaminado, em um parque de arte biodiverso para o usufruto dos moradores da região.
Gênese e ideia. A realização é o resultado de um concurso internacional para transformar um antigo matadouro na cidade tcheca de Ostrava na Galeria de Arte Contemporânea PLATO. As paredes do matadouro estavam dilapidadas e danificadas em muitos lugares, com enormes buracos. Os tijolos escurecidos testemunhavam a história industrial da cidade. Encaramos essas deficiências como um valor agregado e adicionamos mais uma camada à história do edifício, que está sob proteção de conservação.
Nos permitiram manter o aspecto do tijolo sujo e das janelas, preenchendo as aberturas nas paredes com material contemporâneo, mantendo a antiga ornamentação das paredes de tijolo. Além disso, seguimos o princípio de reconstruir todos os elementos ausentes do edifício usando microconcreto, restaurando uma seção do matadouro que não resistiu ao início da construção.
A ideia principal do projeto é manter a funcionalidade das aberturas como conexões diretas entre o edifício e a cidade. Por isso, surgiu a proposta de preenchimentos que pudessem girar e abrir as salas de exposição diretamente para o exterior. Isso proporcionou aos artistas e curadores novas possibilidades de exposição e permitiu que a arte se expandisse para o espaço ao redor do prédio. Essa mobilidade significa que a cultura, de forma geral, pode se tornar mais democrática e acessível a novos públicos.
Nos envolvemos não apenas em preservar o antigo prédio do matadouro, mas também em projetar as áreas externas, apesar de isso não ser inicialmente nossa responsabilidade. No começo, pensamos em ter uma superfície pavimentada para atividades artísticas, mas ao conhecer melhor Ostrava, percebemos que o local precisava mais de espaços verdes atrativos para os moradores. O solo contaminado foi reabilitado e substituído por um parque biodiversificado, com pisos permeáveis à água, prados floridos e bacias de retenção. O paisagismo faz referência à localização dos edifícios que um dia sustentaram o matadouro, e culturas comestíveis dentro da galeria completam a transformação do local. Criamos um espaço inclusivo, sensibilizando não apenas para a arte, mas também para questões ambientais.
O desenvolvimento do parque tem sido um processo gradual, ocorrendo ao longo de vários anos, seguindo seu próprio curso natural. Embora não tenhamos influenciado diretamente sua aparência final, reconhecemos o imenso valor no que se desenvolveu aqui. Uma comunidade vibrante se formou ao redor da galeria, participando ativamente do processo de criação e transformação. Isso nos ensinou que ao dar espaço para que outros contribuam, construímos um comprometimento genuíno. O ambiente antes estéril agora é dinâmico e envolvente, onde o processo e a participação são valorizados. Essa abordagem inclusiva também se estende ao interior da galeria, tornando a arte mais acessível e menos elitista para todos.
Estrutura. O material original predominante usado na construção do edifício é o tijolo. Os tijolos danificados foram substituídos por aqueles recuperados de uma seção desabada do edifício. As novas janelas possuem uma impressão cerâmica, tornando-as escuras e opacas para reduzir a entrada de luz nas galerias. Os interiores do antigo matadouro foram caiados por razões higiênicas, então as salas de exposição foram finalizadas com reboco de cal branca sobre isolamento de placas minerais.
O tijolo sujo dentro do prédio é visível no antigo átrio, que, após ser coberto, se tornou o elo entre todos os espaços da galeria. Os telhados de madeira cobertos com feltro escuro se deterioraram e foram substituídos por estruturas de aço cobertas com uma membrana de cor clara. Isso ajuda a reduzir o aquecimento dos telhados, sem criar um efeito de ilha de calor ao redor deles. A cor dessas estruturas faz referência ao micro-concreto usado para todos os novos e reconstruídos elementos. Um aspecto importante são as seis paredes giratórias, duas delas sendo entradas para o prédio e as outras conectando as galerias ao ambiente externo. Quando fechadas, essas paredes se integram à área de exposição, ampliando-a.
Manter a ornamentação se mostrou uma solução prática, permitindo que os portões se ajustassem à espessura variável das paredes de tijolo. Apesar do tamanho, quando fechados, proporcionam uma vedação completa. A manutenção dos mecanismos sob o piso é simples, requerendo apenas uma intervenção anual. A torre, originalmente utilizada para instalações do matadouro, manteve sua função, evitando interferências nas fachadas históricas e nos telhados.
Epílogo.
Durante a reestruturação, a galeria PLATO foi temporariamente instalada no prédio vizinho da Bauhaus - uma antiga loja de ferragens. Com o abandono da Bauhaus surge a questão sobre o seu futuro e como lidar com esses edifícios. Decidimos que lutaríamos por este espaço da mesma forma que lutamos pelo espaço ao redor do antigo matadouro. Por isso, iniciamos um longo processo, semelhante ao iniciado muitos anos atrás para salvar os edifícios do matadouro revitalizado.