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Arquitetos: Telles Arquitetura
- Área: 318 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:André Scarpa, Bernardo Telles
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um dos principais desafios para esse projeto era o seu terreno com aclive bastante acentuado. Para superar esta questão, a intenção que acompanhou toda a concepção projetual foi a de evitar qualquer alteração em sua topografia. Isto porque, para além da ideia de reduzir os custos de obra, havia a preocupação de que mudanças deste tipo poderiam gerar más consequências para o próprio lote e seu entorno, como possíveis deslizamentos futuros.
O projeto é concebido então a partir de um volume prismático, livre do solo e apoiado por pilotis que abriga as funções da casa. As dimensões da construção foram pensadas para atender à demanda do programa de necessidades e se limita às restrições de recuos frontais e laterais obrigatórias do lote bem como sua topografia mencionada anteriormente. Dessa forma, a casa se organiza em uma planta quadrada com 12 metros de aresta e, não à toa, optou-se pela racionalidade da estrutura metálica com seus perfis vindo de fábrica com essa mesma dimensão. O restante das etapas construtivas segue a mesma lógica: elementos industrializados para as vedações, cobertura, piso e paredes externas e internas. Ou seja, uma edificação simples e enxuta feita a partir de componentes construtivos industrializados.
Para a organização do programa, o espaço se organiza em 3 setores: área íntima, com os dormitórios voltados à mata nos fundos do terreno; área de convívio, voltada à rua e sua vizinhança; e área central, com a circulação vertical, hall de entrada, lavabo e cozinha. No térreo, a lógica é de certa forma repetida. Sob o bloco suspenso da casa, o platô existente deu lugar a uma área de sombra para os carros ou para atividades externas da família na porção próxima à rua. Ao centro, o bloco de serviço e um elemento marcante da casa – a escada - desenhada em alusão à famosa escada da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi.
Um fato curioso aconteceu durante a execução desta obra. Dois irmãos serralheiros que trabalham há alguns anos em parceria com o escritório foram escalados para a empreitada. Porém, logo no início, um deles se machucou e não pôde continuar seu trabalho. Para espanto da vizinhança e dos curiosos que passavam por ali, o outro irmão decidiu continuar o trabalho sozinho. Por meio de equipamentos manuais e quase nenhum auxílio de maquinários, todo o sistema estrutural da casa foi executado por apenas um homem. Este acontecimento inusitado acabou por confirmar os benefícios da racionalização da construção levada ao seu extremo em um projeto que sempre se propôs a discutir a simplificação dos processos construtivos e a redução dos materiais utilizados.