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Arquitetos: Estúdio OLO
- Área: 140 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:MCA Estúdio
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Fabricantes: Adobe Systems Incorporated, AutoDesk, Bocchi Marcenaria, Branco Casa, Celmar, Clemar, Deca, Lepri, Portobello, REKA, RM Brasil, Rustom – Móveis Estilo Industrial, Trimble Navigation, Vallveé
Descrição enviada pela equipe de projeto. Foi no 18° andar de um edifício dos anos 80 que o destino colocou frente a frente, literalmente, os futuros moradores com o imóvel de 140m² inabitado já há alguns anos. Locadores do apartamento da frente, ela, arquiteta sócia do Estúdio Olo, olhava com curiosidade para a porta com que dividia o hall. Quando chegou a hora da busca pela casa própria, o vizinho começou a ser uma opção pelo conforto da quase nula transição espacial, uma vez que não alteraria em nada a dinâmica já muito bem estabelecida pelo bairro.
A decisão se deu motivada pelo olhar da profissional, que viu ali uma casca onde muito se podia trabalhar! Era apenas quebrar tudo e mudar toda a sua configuração interna que o local se tornaria perfeito, apesar de um longo processo, estaria alinhado com o conforto de tocar uma obra em seu mesmo andar.
O imóvel possuía uma configuração de área social, cozinha e lavanderia em seu térreo, e era através de uma escada caracol na sala, o acesso para o pavimento superior, onde se tinha uma grande suíte com closet e uma boa varanda.
A sua área livre extremamente ensolarada e com uma agradável comunicação e perspectiva da cidade norteou o novo layout, que de primeira elevou sua área social, configurando o térreo como área íntima, com dois quartos, uma sala/home office e lavanderia. Com duração de 6 meses, a obra executou inúmeras intervenções, além da criação de todos os ambientes, incluindo novos banheiros, foi feita toda atualização de infra estrutura elétrica, hidráulica, gás e ar condicionado.
Apesar de toda modificação de sua configuração inicial, o maior desafio estrutural foi a criação de um hall de entrada, na antiga cozinha, e a alteração da circulação vertical para uma escada de único lance, o que envolveu quebra e fechamento de laje e reforços com vigas metálicas bem calculadas. Com um estilo não delimitado, a estética visita o industrial mas também o vintage, e apresenta uma mescla de elementos simpatizados pelo casal.
A tela da artista Rayana Rayo com sementes que germinam, dá as boas-vindas e conduz o acesso, o pavimento térreo tem uma base neutra e natural com concreto aparente e piso em madeira grápia com paginação dama, que recebe cores e texturas dos mobiliários, em uma composição mais energética.
A sala íntima é abraçada pelo painel em lâmina de Imbuia, que ora se transforma em home office. Dos primeiros garimpos resultaram o sofá MP105 e a poltrona Earthchair MP163 de Percival Lafer, acompanhados do vaso Spindel de Willy Guhl e luminária Dominci que dividem espaço com a chaise Munik de Jader Almeida, nesse arranjo contemporâneo.
A obra Panacea phantastica, de Adriana Varejão foi transformada em mobiliário, como banco de apoio, traz um detalhe de Inhotim para dentro do apartamento paulistano. As bandeirolas nas gravuras de Alfredo Volpi e a escultura Cabeça Pássaro, de Cícero, da ilha do ferro, coroando as mulheres com seu toque nordestino, reforçam a brasilidade querida.
Na suíte compacta e funcional, estampas recobrem as superfícies, o floral do teto contrapõe o xadrez P&B que recobre a cabeceira, e na parede, a Iara de Nathalie Edenburg pulsa com seus tons vibrantes e curvas femininas. Feito sob medida, o quartzito Patagônia energiza o ambiente em forma de mesa de cabeceira e no banheiro, o granito verde Guatemala é o protagonista.
Para não sobrecarregar a estrutura com seu novo posicionamento, a definição pela escada em chapa metálica dobrada foi a opção que alinhou a estética à funcionalidade, com pintura prata, perfurações e guarda corpo retorcido, além de elemento visual, também possui função de armazenamento com portas de giro em sua base.
Os blocos de vidro translúcidos e sem nervuras dividem o pavimento superior da circulação vertical, garantindo que as luzes permeiem pelos ambientes. De fora a fora, uma peça horizontal em Travertino Romano atravessa o ambiente e se dispõe a diversos usos, do sentar ao bar. Neste pavimento, a estética mais silenciosa recebe interações mais dinâmicas e festivas e tem as nuances do céu e da cidade como elementos focais contemplativos e mutantes.
A mesa de jantar Redig, de Sérgio Rodrigues, já foi arrematada com o tampo em vidro não original, mas que se encaixou de maneira mais delicada no projeto. O estofado das cadeiras Fledermaus de Josef Hoffman, um achado despretensioso e auspicioso em um antiquário do bairro, foram atualizados. Dominici aparece novamente, dessa vez como pendente, iluminando essa área.
O forro inclinado recobre o telhado da já existente ampliação e é acompanhado pela viga em concreto aparente que marca, o que já se foi um dia, o limite da área. O quartzito Maragogi recobre as superfícies da cozinha, e se apresenta de forma escultural no balanço da ilha. A marcenaria e equipamentos se apresentam de forma organizada, sem deixar de ser um convite ao uso. Tijolos quadrados recobrem o lavabo, ambiente monocromático, onde apesar de pequeno a mescla de épocas também é presente com a cuba contemporânea e espelho vintage. O quintal também recebe o mesmo revestimento em piso e parede e tem o paisagismo como companhia, abraçando e colorindo o interno.