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Arquitetos: Kaizen Architecture
- Área: 480 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Finbarr Fallon
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Fabricantes: GNG Tiles, Ihome, Terracotta Tiles Centre, Toto
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado na cidade de Malaca, na Malásia, que é reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO, o Rumah Kechik é uma intervenção de conservação e reuso adaptativo. Ele está inserido em três antigas lojas comerciais, com mais de 200 anos de idade, como parte de uma extensão do empreendimento hoteleiro já existente chamado Baba House, Melaka. O projeto utiliza estratégias cuidadosas de adição e remoção para integrar novas necessidades de uso, ao mesmo tempo em que homenageia a história das estruturas.
O objetivo do projeto era conservar e restaurar três casas comerciais deterioradas que estavam ligadas a um empreendimento hoteleiro já existente. Pretendia-se reutilizar essas estruturas para criar um novo restaurante no térreo do hotel, enquanto os andares superiores seriam destinados a comodidades como salas de eventos e uma academia. Além disso, o cliente solicitou um projeto que considerasse planos futuros de expansão do hotel para a parte de trás do terreno. Nas configurações tradicionais da Malásia, casas secundárias, muitas vezes utilizadas para cozinhas e acomodações de serviçais, eram chamadas de "Rumah Kechik" (traduzido como "Casa Pequena"), denotando sua escala menor e relação de subordinação com a casa principal. O projeto, chamado "Rumah Kechik", busca inspiração nesse contexto tradicional, onde o empreendimento hoteleiro existente é considerado a "Residência Principal".
A disposição atual, composta por três casas comerciais distintas, inspirou a organização linear dos espaços, que se estende da frente até um pátio traseiro aberto. Como parte da restauração, foi feita uma inserção delicada de estruturas metálicas para reforçar a integridade estrutural dessas casas comerciais. Dentro desse contexto, um pátio interno de dois andares foi reintroduzido na casa comercial central através da remoção cuidadosa de parte da laje do segundo andar existente, proporcionando uma entrada dramática para os visitantes. Aberturas internas e portais foram criados nas paredes divisórias existentes para promover a conectividade visual em todo o projeto, facilitando as operações atuais de um restaurante. Essa estratégia também permite a entrada de luz natural, melhorando a iluminação interior.
Inspirado no conceito de "casa", o layout do restaurante reflete espaços domésticos essenciais, como sala de estar, jantar, cozinha e uma varanda coberta. A seleção de móveis soltos também segue essa ideia, oferecendo diferentes arranjos de assentos para melhorar a experiência do cliente. Enquanto a fachada frontal é restaurada ao seu antigo esplendor, a parte traseira voltada para o pátio aberto é adornada com uma interpretação moderna das tradicionais janelas de tela de madeira, comuns em tipologias de casas comerciais do sudeste asiático. As telas de madeira pivotantes são instaladas na fachada do segundo andar e funcionam como dispositivos de sombreamento solar, permitindo a entrada de luz filtrada e ventilação na passarela coberta que conecta todas as comodidades do segundo andar.
Como parte do processo de restauração, foi tomada uma decisão consciente de restaurar e destacar a alvenaria original de 200 anos nas paredes divisórias, removendo cuidadosamente o reboco existente para expô-las. Essa estratégia permite que as paredes de tijolos respirem e foi inicialmente adotada como uma solução técnica para lidar com os desafios de manutenção causados pelo lençol freático elevado do local, o que frequentemente leva à deterioração do acabamento convencional de reboco e pintura devido à absorção excessiva de água. Mais tarde, essa abordagem se tornou parte da inspiração estética e material que fundamentou a seleção de materiais. Além da alvenaria, as vigas de madeira e as terças do telhado existentes foram cuidadosamente preservadas e restauradas ao seu estado original, como uma celebração ao patrimônio dos edifícios.
O acabamento do interior foi feito com materiais como azulejos decorativos Peranakan, blocos de ventilação de terracota, piso de seixos e madeira, todos obtidos e trabalhados localmente. Para ressaltar ainda mais a ressonância cultural, foram criadas luminárias personalizadas e telas de madeira em colaboração com artesãos da Malásia. Destaque para uma das salas de jantar, que apresenta uma parede iluminada feita de telhas de barro reaproveitadas, resgatadas durante a substituição do telhado principal.