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Arquitetos: INUCE • Dirk U. Moench
- Área: 3000 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Shikai / INUCE
Contexto. Julong é uma nova cidade próxima à metrópole de Quanzhou, China. Desde sua origem, a população cresceu, atraindo pessoas de todo o país. Hoje, é lar de uma minoria de protestantes. Durante anos, eles se reuniam em uma loja. Atingindo a lotação máxima, decidiram construir uma igreja para 1000 fiéis. Localizado aos pés de uma montanha, o local permite criar um marco para toda a cidade.
Expectativas complexas. Composta por fiéis de diferentes denominações, a jovem congregação estava experimentando incertezas em relação às tradições litúrgicas e simbólicas. Esperava-se que o novo santuário pudesse superar as diferenças e estabelecer a unidade. Em um sentido mais amplo, a congregação desejava criar um símbolo inclusivo para um novo começo - pois nesta nova cidade, tanto cristãos quanto não-cristãos, compartilham a experiência de estar longe de casa e ter que estabelecer novos laços. O programa era composto pelo santuário e por espaços comunitários seculares.
Igreja Arquetípica. Conscientes do dilema ecumênico, buscamos motivos arquetípicos como guia para as decisões arquitetônicas. Após uma profunda reflexão, um ancião citou: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja." Sua esposa acrescentou: "Em Julong, todos somos estrangeiros. Desejamos ser uma arca para os recém-chegados, o seu refúgio."
Funcionalidade + iconicidade. A igreja é uma arca - flutuando acima do mundo, ancorada na fundação da fé - uma ideia antiga. Movidos pela imagética, nossa solução compreende duas partes: a inferior, revestida de granito, assemelha-se a uma rocha em terraços. Isso permite uma subdivisão flexível, atendendo às necessidades seculares. No topo está a nave, adornada com painéis de GRC, evocando uma arca. Sua forma evita a literalidade e oferece uma representação matizada da narrativa.
Performance + liturgia. O projeto evoca o envolvimento físico e espiritual. Como uma peregrinação, os fiéis sobem nos terraços para adorar. No topo, são abraçados pelo Paraíso - um elemento medieval demarcando a igreja, preparando a entrada. Contrariando o que a metáfora sugere, o santuário não é isolado do mundo: ao entrar, experimenta-se uma exposição completa à montanha. A criação torna-se parte da liturgia, ecoando a cena arquetípica da congregação antes de todo cisma: o Sermão da Montanha de Cristo.