Centro Cultural Mortagne / Lemoal Lemoal Architectes

Curadoria de Hadir Al Koshta

Arquitetos: Lemoal Lemoal Architectes
Área: 827 m²
Ano: 2023
Fotografias:Nicolas Trouillard

Descrição enviada pela equipe de projeto. Com a criação de um novo centro cultural, Lemoal Lemoal deu nova vida a uma antiga escola secundária em Mortagne-au-Perche, França. Este centro agora abriga uma escola de música, uma orquestra, associações locais e uma instalação esportiva. A cidade de Mortagne-au-Perche possui um rico patrimônio arquitetônico, o qual busca ser revitalizado através da restauração e transformação de seu ambiente construído e assim aumentar a atratividade da região. O projeto de um Centro de Memória faz parte deste empreendimento. A cidade escolheu a antiga escola secundária desativada para servir como centro cultural localizado no coração da vila. No âmbito deste projeto, esta edificação do século XX teve que ser renovada para estar em conformidade com as normas. As principais intenções arquitetônicas basearam-se na conservação do volume existente e em uma reorganização interna mais completa.

O projeto visava renovar a estética das fachadas e permitir melhorias nas qualidades térmicas da edificação. O aspecto ornamental das fachadas permanece inalterado. As molduras das janelas são compostas por tijolos de vidro que foram limpos e reparados para manter a identidade da edificação. A marcenaria pré-existente foi substituída e adaptada conforme necessário, especialmente para permitir que mais luz penetre no hall. O Parque Regional du Perche, do qual a cidade de Mortagne-au-Perche faz parte, se beneficia de uma documentação precisa de seu patrimônio arquitetônico “percheronne”. A colorimetria das fachadas é justificada pelo uso tradicional de “areia do Perche”, um produto da geologia local. Dessa forma, o revestimento pré-existente foi substituído por uma tonalidade mais clara para iluminar a aparência do volume e criar uma paleta em harmonia com os edifícios circundantes. A renovação térmica da edificação foi alcançada através do isolamento excessivo do interior com melhor desempenho em todas as paredes periféricas, além de uma reforma técnica total incluindo os sistemas de aquecimento e ar-condicionado.

O volume é composto por dois andares organizados em torno de dois pátios centrais, formando um layout em forma de “L”. As duas alas são unidas pela entrada da antiga escola secundária, à qual corredores que garantem acesso a cada sala de aula estão ligados. A configuração pré-existente serviu de base para a nova distribuição das duas alas. A composição de planta livre, apoiada por uma estrutura de pilares e vigas de concreto simplificada, possibilitou rastrear a organização atual e adaptá-la ao novo layout das salas de aula. Essa organização foi escolhida para maximizar o isolamento do som entre uma sala e outra.

Decidiu-se remover as sucessivas camadas dos diferentes revestimentos das paredes, a fim de revelar a natureza dos primeiros componentes estruturais. Assim, os pilares e vigas de concreto foram restaurados para resgatar sua materialidade inicial. Outros elementos foram mantidos e realçados, como peças de cimento e canais de fontes de água que foram limpos e reposicionados nos novos corredores, como uma marca do passado da edificação. A criação de uma escola de música requer análises importantes em relação à volumetria de cada sala (m3) para evitar qualquer impacto negativo na qualidade acústica: instalação de um forro suspenso, instalação de um tratamento acústico subjacente e espessamento das paredes divisórias (até uma espessura de 20 cm), reforçadas em certos locais com um tratamento específico.