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Arquitetos: Ecomimesis Soluções Ecológicas
- Área: 136000 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Rafael Salim
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Fabricantes: AFR Plantas, Croncrelagos, Elite Pisos, Poly Postes, Via Pública, Ziober
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Parque Olímpico da Barra da Tijuca, RJ, foi a principal sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O projeto do Parque, na época dos jogos, continha diversas instalações esportivas, como o Centro de Tênis, as Arenas Cariocas e o Live Site que foram construídas em torno da Via Olímpica, larga via de circulação de pedestres conectando uma ponta a outra do terreno, e seus Terraços Jardins. Ambos desenvolvidos com a previsão de comportar multidões e atender a grande demanda de público.
A concepção inicial do projeto do Legado previu uma adaptação de toda essa estrutura para os novos usos após o fim das Olimpíadas. Como principal proposta para transformação em Legado Olímpico, estava a conversão da Via Olímpica, Live Site e Terraços Jardins em um Parque Público com mais áreas verdes, maior cobertura vegetal e criação de espaços ativos.
O desenvolvimento desse novo projeto para o Parque Olímpico, renomeado posteriormente para Parque Rita Lee como homenagem à artista, foi licitado pela Prefeitura do Rio de Janeiro no ano de 2022. A Ecomimesis, empresa vencedora da licitação, ficou então responsável pela reurbanização do espaço da Via Olímpica e seu entorno imediato, totalizando em 140.000m² de área projetada, considerando as premissas iniciais de celebração da vida/cultura carioca, valorização da paisagem natural do Rio de Janeiro e transformação do espaço em destino de lazer de referência para a cidade.
O escritório carioca propõe a divisão do espaço em duas tipologias de parque com características diferentes que permeiam entre si ao longo do percurso, chamadas de Parque Linear e Parque Urbano. O primeiro considera a extensão linear da Via Olímpica que conecta o acesso ao parque pela Avenida Abelardo Bueno ao Live Site às margens da Lagoa de Jacarepaguá. O segundo inclui as áreas adjacentes à via e conecta o projeto às arenas e terrenos vizinhos.
O projeto centraliza-se na compreensão de que dentro do parque são possíveis e necessários dois usos e ocupações distintas e complementares: a) Parque Linear: grande via linear de 60 metros de largura e 1,2km de extensão com percurso suave e contínuo, oferecendo áreas de sombra, banheiros públicos e espaços de descanso e convívio. Este percurso, que conecta a entrada do Parque à Lagoa, envolve um processo de redefinição e readequação do espaço em benefício dos usuários através da criação de novos canteiros vegetados sobre a estrutura de piso já construída com o plantio de árvores nativas da mata atlântica, criação de espaços de descanso com mobiliário urbano e espaços de encontro com o Live Site.
b) O Parque Urbano: único e inovador, com áreas de recreação e lazer, mobiliário, equipamentos e pisos coloridos lúdicos, visando atrair os usuários para um espaço moderno e inusitado na cidade. O parque urbano possui uma identidade local forte e única em comparação com outros parques da cidade. Seu desenho de piso setoriza os espaços e usos da área, divididos em: 1. Infantil com brinquedos para crianças de diferentes idades, 2. Estar e encontro com mobiliários de estar e área para piquenique com a família,3. Esportiva incentivando esportes como futmesa, tênis de mesa, basquete e escalada e 4. Skate park com uma variedade de obstáculos permitindo a prática do esporte.
Ao todo, o programa proposto conta com duas quadras poliesportivas, duas quadras de basquete 3x3, área de eventos, área infantil com brinquedos diversos, área infantil aquática, área de jogos (tênis de mesa e futmesa), área de piquenique, academia para 3ª idade, parede de escalada, skate park, bicicletários, áreas de estar, descanso e banheiros públicos. O programa também abrange mobiliário urbano, criação de mais de 800 m² de bosque da Mata Atlântica, arborização com plantio de 1100 novas mudas de árvores nativas e o incremento de mais de 8 mil m² de área verde permeável em todo o parque.
Este projeto é parte integrante de uma rede municipal de espaços verdes e azuis, com o objetivo de reparar os danos ecológicos infligidos pela urbanização extensiva desde 1969. O intuito é reconectar paisagens fragmentadas e reestabelecer interações ecossistêmicas significativas entre a fauna e a flora locais. O projeto também utiliza Soluções baseadas na Natureza para promover benefícios à escala local e reconectar os residentes com a natureza, incentivando a consciência da relação natureza-biodiversidade-sociedade, particularmente no que diz respeito aos bens e serviços ecossistêmicos.
A Mata Atlântica que circunda o Rio de Janeiro está entre os locais com maior diversidade ecológica do planeta – 40 a 50% de suas mais de 25 mil espécies são endêmicas e a Cidade do Rio de Janeiro busca reintroduzir florestas em espaços urbanos. O Parque Rita Lee faz parte deste processo, servindo de modelo para a redefinição dos espaços urbanos para uma maior integração com a natureza e para melhorar o bem-estar público por meio de áreas recreativas excepcionais, além de abordar a mitigação das mudanças climáticas.
O parque desenvolve-se em setores com características distintas, permitindo uma variedade de experiências de utilização. A proposta fortalece a relação entre o ser humano e a natureza por meio de iniciativas que valorizam o ecossistema local por meio do uso de plantas nativas e da expansão de áreas verdes em uma região já altamente urbanizada. Ao mesmo tempo, apresenta um design inovador e moderno, utilizando cores e equipamentos lúdicos para atrair visitantes.