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Arquitetos: Equipo de Arquitectura
- Área: 430 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Federico Cairoli
À medida que o tempo passa, os critérios arquitetônicos se adaptam ao conhecimento coletivo e às qualidades que consideramos fundamentais. Embora o foco da prática tenha evoluído ao longo do constante processo de construção da disciplina, o principal objetivo da arquitetura permanece o mesmo desde que o ser humano expandiu a busca de seu habitat além do simples fato de abrigar, que é elevar nossa relação existencial de estarmos no mundo.
Com a criação de espaços que nos conectam ao contexto e ao lugar, consolidamos nossa relação com o meio, entendendo que habitar qualitativamente está condicionado pela configuração desses espaços. Os meios para construir esse bem-estar variam e dependem de muitos fatores, mas podemos identificar e concordar com certas considerações que favorecem a construção de um lugar que nos impacta positivamente e nos emociona.
O contato constante com a vegetação e a natureza tem demonstrado que nosso vínculo com o meio ambiente é inextricável. Neste caso, são utilizadas plantas nativas como princípio do paisagismo, apostando na flora local e defendendo a biodiversidade natural que promove esse tipo de vegetação. A presença de plantas representa a vida, e em uma residência não apenas melhora a qualidade do ar, mas também a qualidade da experiência arquitetônica, especialmente quando a vegetação é a protagonista. Essa mistura entre o artificial e o natural representa nossa relação com o mundo que habitamos.
A luz natural, controlada e filtrada, desempenha um papel crucial na criação de espaços que nos conectam com o tempo, as estações e o movimento. A ventilação cruzada em todos os espaços garante a renovação de oxigênio e a regulação da temperatura e umidade durante os meses quentes. Achamos fundamental criar uma arquitetura que controle e permita a conexão entre o interior e o exterior, que respire e regule a luz e a ventilação.
O uso de materiais naturais também faz parte dessa busca arquitetônica, optando por materiais locais como pedra, tijolo, madeira e concreto. Esses materiais são transformados e trabalhados por mão de obra artesanal e local, imprimindo um conhecimento e uma tradição que representam os modos de fazer em nosso contexto.
Cada material, por sua vez, responde à lógica de sua própria natureza. A pedra forma a base da casa, ligada à terra por seu peso e seu comportamento como muros de contenção. Em seguida vêm os tijolos, elementos mais leves que permitem empilhamento e disposição que organizam os espaços dos pavimentos superiores. A madeira, muito mais leve, nos permite gerar painéis móveis, mobiliário e portas. E o concreto, por sua vez, nos dá a liberdade de organizar a estrutura com base no esquema espacial e funcional da casa.
O terreno onde a residência está implantada apresenta um desnível significativo, além disso, uma árvore nos recebe, o que nos permitiu dispor a casa em três níveis: o estacionamento e a área de serviço no nível inferior, a área social no primeiro nível e a área privada no segundo nível. Um terreno de medidas convencionais se torna assim um sistema de espaços relacionados por meio de pátios que distribuem luz, ventilação e biodiversidade.
A transparência na área social do primeiro nível contrasta com a opacidade do segundo nível, onde estão os quartos, a lavanderia e o escritório, programas que requerem maior privacidade. A pertinência de projetar uma residência que permita a amplitude espacial, conectando-se mas protegendo do exterior, dialogando com a matéria e a natureza, torna a arquitetura uma resposta direta à realidade local.