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Arquitetos: Raphaell Valença Studio
- Área: 70 m²
- Ano: 2024
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um apartamento contemporâneo, num prédio de 1970 no bairro tradicional de Higienópolis em São Paulo. Há um ano sendo a morada do arquiteto Raphaell Valença, o projeto dos interiores deste apartamento começou a ser concebido tendo como premissa inicial a manutenção das características originais da época em que o prédio foi construído, por exemplo, o piso de marfim em toda área social e nos quartos, os azulejos estampados da cozinha e os armários do closet em madeira maciça. Contrastando com essas características, Raphaell fez uma curadoria de design brasileiro e internacional, que mistura diversas épocas e traz um ar atemporal aos espaços, permeados de muita luz e cores pontuais.
Na sala de estar já é possível ver o piso de madeira marfim em paginação xadrez, que foi recuperado antes da chegada dos móveis. De cara já se pode ver a luminária escultural do Estúdio Rain, que se utiliza de uma resina de mamona para gerar o efeito degradê que destaca a peça como uma obra de arte única em toda extensão da parede. A cortina com tecido prateado ajuda a iluminar ainda mais o ambiente com um toque inusitado e permite ser o plano de fundo para a poltrona Hobjeto original dos anos 1970 (mesmo ano da construção do prédio), do designer brasileiro Geraldo de Barros, que foi garimpada num antiquário e restaurada. Ao lado dela temos a prateleira e TV freestanding, ambas desenhadas pelos irmãos Bouroullec. Próximo à porta de entrada fica a cadeira ímpar de madeira freijó que compõe com o espelho do artista Amarlungo. Também nessa parede fica uma obra de arte do amigo do arquiteto, Cássio Riman. Na sala de jantar, a grande protagonista é a mesa de jantar, desenhada por Raphaell, e que se utiliza das lâminas de madeira desenhadas por Ettore Sottsass nos anos 80, com cadeiras cor de rosa da Menu Casa e pendente personalizado, da Looz.
Na entrada da área íntima, que conta com dois quartos, Raphaell posicionou uma peça cromada do designer Pedro Ávila e um banco do Studio De La Cruz, que são destacados na parede branca e servem como divisores das tarefas entre trabalhar e vestir para o primeiro quarto, e para o segundo, mais reservado, o descanso. No primeiro quarto, com armário em madeira maciça original do edifício sendo mantido, ele trouxe para o centro do espaço a mesa e a cadeira de trabalho, com circulação de todos os lados. Aqui também se repete o artifício da cortina prateada para iluminar ainda mais o ambiente. Aqui uma única gravura na parede é destacada, do artista Cássio Riman. No quarto seguinte, a cama é o centro, com assimetria nas mesas de apoio, uma delas sendo garimpada em antiquário e a outra desenhada pelo arquiteto. Aqui também chamam atenção as luminárias em cada lado da cama, sendo uma de garimpo e a outra trazida de uma viagem a Milão. Tapete de algodão, poltrona Roly Poly e quadros feitos com amostras de tecidos metalizados coroam este espaço mais etéreo, onde o branco reina como cor principal para descanso e relaxamento máximos.
Tanto no banheiro quanto na cozinha foram mantidos os azulejos originais do prédio, com complemento de marcenarias desenhadas pelo arquiteto e também em todo o apartamento, a presença do verde se faz visível em todos os ambientes, trazendo conforto e um toque natural.
Assim, neste apartamento vê-se a convivência do design de diversas épocas com uma curadoria impecável de peças que trazem a identidade do morador, que prima pela qualidade dos espaços e pelos planos vazios e brancos das paredes nos diversos ambientes, que, segundo ele, remetem à ideia de uma mente limpa, arejada, pronta para novas ideias na vida pessoal e no trabalho. É a história da arquitetura e design somados a um projeto que encanta pela diversidade e elegância no morar.