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Arquitetos: Sónia Lopez da Cruz - Arquitectura
- Área: 220 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Ivo Tavares Studio
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Fabricantes: Primus Vitória, Sanindusa, Sosoares
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Intervenção, para além de responder à necessidade de um espaço de velório, pretende constituir uma oportunidade de harmonizar e unificar a sua área envolvente e acesso. A abordagem recai, não só na intenção de constituir um edifício independente com as valências necessárias para albergar o programa previsto, mas também na constituição de uma peça arquitetónica silenciosa capaz de reorganizar e requalificar o espaço existente.
A zona de intervenção, caracteriza-se pela desarticulação entre espaços e acessos pedonais, com desarmonia entre os materiais e linguagens ai presentes, resultando num espaço desqualificado. Na observação do local, identificam-se várias condicionantes que a proposta considera e procura resolver, e que se podem sintetizar nos seguintes pontos: entrada desqualificada; pré existências físicas (limite do cemitério, monumento/oratório a Nossa Senhora, construções anexas (portaria, arrumo e instalações sanitárias);desarticulação entre o acesso do cemitério e o adro da igreja paroquial; frente de entrada marcada pelas empenas dos jazigos; degradação das instalações sanitárias públicas; inexistência de zonas técnicas de apoio ao coveiro; costumes, tradições e vivências vinculadas e estabelecidas pela comunidade.
No sentido de responder tanto ao programa inicial proposto pelo dono de obra, como às necessidades específicas do lugar, opta-se por uma implantação estratégica da casa mortuária junto da entrada do cemitério. Propõe-se que a implantação da edificação seja feita junto da entrada principal do cemitério do lado poente, para que seja constituído um novo elemento na frente rua do cemitério, desviando a atenção das fachadas tardoz das capelas funerárias, pouco qualificadas. Do lado Norte, implantação da casa mortuária sugere um novo alinhamento que tenta relacionar o complexo funerário (cemitério) com o adro principal da Igreja matriz, sugerindo ao utilizador uma relação física e visual comum. Do lado Sul, interior do cemitério, a implantação respeita e reforça o alinhamento da frente comum das capelas funerárias.
O volume edificado da casa mortuária materializa, na sua cobertura, uma pala horizontal que se destaca do volume principal, articula e relaciona a implantação do volume da casa mortuária com os fortes alinhamentos ortogonais presentes na organização interna do cemitério. Esta cobertura plana e pala constituirá e qualificará a entrada principal do cemitério, promovendo um espaço coberto, abrigo para os dias chuvosos e para os dias soalheiros. Do lado Nascente, será constituída uma parede de vedação que incorpora elementos estruturais da cobertura, e bancos de apoio tanto no lado interno como externo do cemitério. A proposta propõem uma intervenção cuidada e sensível no que diz respeito à relação com a circunstância física e formal do cemitério. Desta forma, os elementos a constituir não contactarão fisicamente com a preexistência, tratando o vazio como um elemento de transição entre volumes.
A materialização da construção proposta é feita recorrendo intencionalmente a desenho e materiais simples, sóbrios e contemporâneos, assumindo uma linguagem arquitectónica minimal distinta das demais construções fúnebres que compõem o cemitério. É intencional uma intervenção silenciosa, desmarcada e discreta, que integre de uma forma positiva o conjunto edificado e não se destaque. Opta-se como revestimento exterior geral da construção um barramento de reboco polido de cor cinza betão, próximo da cor do pavimento compõe todo o complexo, como se de uma mancha comum se tratasse. Os vãos serão com caixilharia chapa lisa de alumínio cor escura antracite mate. O portão será em serralharia cor antracite com elementos verticais e, quando aberto, ficará recolhido e oculto na parede nascente.
O programa é organizado de uma forma simples e pragmática. Dotado de acesso independente do cemitério, o edifício, integrará uma sala de velório, uma instalação sanitária, e um arrumo. A sala de velório relaciona-se com exterior a partir da abertura de um grande vão voltado a Poente aproveitando o espaço de jardim como pano de fundo para o enquadramento do caixão nos momentos de velório. Em complemento, e com acesso a partir do interior do cemitério, existirá um arrumo e uma instalação sanitária completa para o funcionário responsável pela manutenção do cemitério.