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Arquitetos: João Mendes Ribeiro
- Área: 618 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Alexander Bogorodskiy
Descrição enviada pela equipe de projeto. O espaço termal romano de S. Pedro do Sul situa-se na margem do rio Vouga, a cerca de 500 metros da nascente de água termal. O edifício, de fundação romana (séc. I d.C), manteve até hoje grande parte da sua estrutura primitiva e encontra-se classificado, desde 1938, como Monumento Nacional. A sua diversificada ocupação ao longo dos séculos ficou marcada por pequenos sinais, que não impediram, no entanto, a prevalência da estrutura romana inicial, mantendo-se ainda grande parte das paredes e o arranque das coberturas da época romana. O projecto de valorização, reabilitação e conservação teve como base a recuperação do edifício, propondo a intervenção mínima necessária para a sua utilização e correcta percepção. A recuperação das características mais marcantes do ambiente do período romano foi trabalhada a partir da escala, da luz e da presença da água.
No volume a nascente procurou-se repor as dimensões originais do espaço, bem como os sistemas construtivos e os materiais tradicionais. Recuperou-se ainda a geometria da fachada, nomeadamente a métrica de cheios e vazios, através da reconstrução criteriosa das paredes.
A poente, no edifício de origem romana, optou-se por manter a ideia de ruína, trabalhada quer como vestígio arqueológico, quer como matéria expositiva. A sugestão da forma e da escala do espaço romano é dada pela reposição da altura original do edifício, bem como pela construção de uma abóbada em tijolo que segue a configuração da abóbada romana original, marcada nas paredes de topo. A nova abóbada destaca se das estruturas existentes, suspensa a partir da cobertura e sem tocar nas paredes romanas. O ambiente luminoso original das termas romanas é recuperado com a introdução de luz zenital, através de um lanternim inclinado a sul, captando a maior quantidade possível de luz para o interior.
No exterior, o tanque de água fria e a piscina natatio foram recuperados e a natatio revestida com opus signinum, à semelhança do período romano. A reconstrução do corpo nascente do edifício foi feita de forma a não tocar no limite original da natatio, trabalhando em balanço e criando um desnível no interior da recepção.
De acordo com as sondagens arqueológicas, desenvolvidas pela arqueóloga Helena Frade, existiam evidências de um peristilo que circundava a natatio, que originou o desenvolvimento de um projecto de montagem das colunas, fragmentadas e dispersas pelo terreno, desenvolvido por João Gomes da Silva. A montagem foi baseada num inventário de todos os elementos existentes, utilizando o processo de anastylosis e a proporção e êntase do cânone proposto por Vignola, completada por novos elementos que, de acordo com a Carta de Atenas, se destacam dos existentes. Complementarmente ao peristilo, foi acrescentado um muro que acentua a entrada no peristilo.
A importância da água no edifício termal é resgatada, voltando a ser o elemento central do espaço. Esta recuperação é feita na tentativa de recriar a atmosfera termal romana, imprescindível para a compreensão e leitura do espaço. O sistema de captação e condução da água é recuperado, permitindo que exista um circuito hidráulico por todo o edifício, associado a uma ideia de percurso, complementado pelo reuso do tanque exterior de água fria e da piscina natatio. A água adquire assim uma conotação lúdica, cruzando-se com a história e a gravidade do edifício pré-existente, numa nova leitura baseada em relações visuais e auditivas, indiciando percursos ou antevendo espaços.