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Arquitetos: COMO Arquitetura
- Área: 360 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Hugo Santos Silva
Descrição enviada pela equipe de projeto. O terreno de base, aparece posicionado no cimo de uma rua sem saída, ocupado por uma série de construções elementares, sem grande regra ou critério e aparentemente desprovido de grandes qualidades. A construção preexistente era bastante elementar e rústica, e apresentava um mau estado de conservação, exibindo o acrescento de várias dependências ao longo do tempo. Perante estas condições optou-se pela demolição total das preexistências e construção de um edifício totalmente novo capaz de se relacionar de forma efetiva com a envolvente e com características que permitissem agregar.
Da envolvente participam apenas edifícios de cariz habitacional e algumas dependências complementares, que conformam uma mancha mais ou menos homogénea, descaracterizada e desprovida de referências. Acabam por não representar uma condicionante, mas sim um fator determinante para a definição da forma e da imagem do edifício, marcado pela presença de planos de fachada mais abstratos nos alçados que se relacionam com a via de acesso.
O terreno apresentava uma configuração irregular e uma certa variação altimétrica que foi vista como uma oportunidade, induzindo à criação de um piso inferior, para dar abrigo a funções complementares ao habitar, diluindo o seu impacto no meio. Na prática a casa parece pousada numa espécie de plataforma. O enquadramento em relação ao arruamento determinou a organização espacial da habitação, orientado a exposição e os pontos de ligação ao exterior em função da proximidade à via e às construções envolventes.
O edifício divide-se em dois volumes de dimensões diferentes, desfasados entre si e ligados por um elemento ligeiro, que marca o ponto de acesso, que concentra num único ponto, o acesso a partir da rampa e o acesso pela escada sobe a partir da garagem. A imagem do conjunto tem por base princípios de sobriedade e simplicidade de todos os elementos e recorre à utilização de uma gama de materiais reduzida. O átrio de entrada funciona como elemento de ligação entre os dois volumes desiguais, um que se fecha para fora e se relaciona em exclusivo com o logradouro interior, preservando a intimidade familiar e outro mais atrevido, que se abre literalmente sobre a rua e que revela o que vai acontecendo, dia após dia.
No interior optou-se pela criação de espaços interiores versáteis, apresentando diferentes formas de interação e de utilização entre os diversos espaços. Os espaços sociais são amplos e fluídos e estendem-se para o exterior, com as varandas e pátios a funcionarem como um filtro entre o espaço interior e o logradouro. O pátio central, posicionado entre a sala de estar e a biblioteca relaciona os dois espaços entre si e faz o enquadramento cenográfico dos acontecimentos que sucedem em cada um dos espaços.
As zonas privadas organizam-se no seguimento das zonas sociais, de forma sequencial e muito pragmática, concentrando-se na ala mais a sul do volume, com uma varanda contínua que permite algum sombreamento e medeia o contacto com o exterior.