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Arquitetos: Baigorri Ermoli Arquitectos, Ulises Gómez
- Área: 132 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Luis Abba
Descrição enviada pela equipe de projeto. No momento de projetar um Memorial aos ex-combatentes das Malvinas, nos deparamos com o desafio não apenas de conceber uma peça simbólica e pertinente, mas também de repensar a lógica do monumento com uma perspectiva contemporânea. Isso implicou romper com seu paradigma objetual para transformá-lo em um espaço de aprendizado e reconhecimento.
Em consequência, a ação projetual se deu naturalmente, gerando um único gesto (uma parede de 40m de comprimento) de materialidade austera que, em uma de suas faces, conta a história de nossa busca por uma soberania ainda não alcançada (linha do tempo); e sobre sua outra face, a homenagem indispensável àqueles que deram sua vida por essa busca em nome de todo o povo argentino.
Essa homenagem deveria ser material e permitir o reconhecimento dos familiares e de toda a sociedade, por isso, os 15 heróis de Mendoza são nomeados em primeira pessoa ao longo do percurso que termina com a sombra projetada das ilhas que defenderam, a cada 2 de abril às 12:00h (Dia do Veterano e dos Mortos na Guerra das Malvinas).
AS DUAS FACES DA MEMÓRIA: MEMÓRIA E HONRA EM UM ÚNICO GESTO - Como peça principal e única, a "parede Malvinas" reflete em seus dois lados principais a dualidade que qualquer fato memorável traz consigo: história e homenagem, dor e celebração, soberania e perda.
[ A LINHA DO TEMPO ] - Sua face principal, metálica e perfurada, lança luz sobre os acontecimentos mais relevantes em forma de cronologia histórica, apresentando a história das Malvinas desde seu início até a atualidade. Esta “linha do tempo” serve como fundo para atos públicos e a celebração da consciência coletiva, já que avança sobre um gramado, o qual atua como um grande espaço de encontro e funciona como átrio do Memorial.
[ O PERCURSO DOS HERÓIS ] - A outra face, austera e comemorativa, materializa o percurso dos heróis que rende homenagem aos 15 soldados que deram sua vida representando todo o povo argentino e em virtude da soberania das Ilhas Malvinas, Geórgia del Sur e Sandwich del Sur; e cujos nomes permanecerão gravados nesta parede e na mente de todos os cidadãos, gerando um espaço de reflexão e memória coletiva que oferece a possibilidade de honrar seu sacrifício pela pátria. Assim, é possível condensar Memória, Homenagem e Soberania em uma única peça. O percurso informa, educa e lembra solenemente os heróis, gerando uma nova forma de criar um Monumento e Memorial na contemporaneidade.
No momento de projetar um memorial para Malvinas, consideramos fundamental deixar de lado as vontades e buscas pessoais para nos concentrarmos na profundidade dos conceitos de memória, história, soberania e homenagem. Um memorial deve ser sintético, austero e silencioso, já que a potência do mesmo reside nos fatos que apresenta, assim como na reflexão e no sentimento daqueles que o visitam.