Descrição enviada pela equipe de projeto. A paisagem é protagonista. A morada baixa e envidraçada em nada lembra as casas de fazenda tradicionais. Melhor para a jovem fazendeira que decidiu construí-la assim, quase como um mirante particular para as terras da família.
Quando o arquiteto Frederico Sabella deixou seu escritório em São Paulo para a primeira visita à fazenda em Itanhandu, no sul de Minas Gerais, ficou impressionado com a beleza do milharal visível do alto do morro escolhido para a construção da casa. Embora houvesse espaço de sobra, o ponto ideal não estava no cume. Para garantir uma área mais protegida e acolhedora, Sabella sugeriu à jovem fazendeira a instalação da moradia três ou quatro metros abaixo.
O projeto assumiu a forma de uma asa-delta voltada para a paisagem. "Essa leve inflexão orienta a casa para a vista e, ao mesmo tempo, proporciona privacidade à suíte principal, localizada em uma das extremidades do 'braço íntimo'", explica. Na parte traseira da asa-delta, ele projetou um muro de pedra que se integra à fachada, prolongando-a para os dois lados. Embora o muro fosse originalmente cego, a inclusão de janelas basculantes altas na cozinha e uma entrada recuada – um recurso de design para criar uma sensação de acolhimento – quebra a rigidez da fachada.
"Após subir a estradinha ladeada por oliveiras, deparamo-nos com um pátio e dois muros: um pequeno, da garagem, e um enorme, que bloqueia a visão do que acontece do outro lado", comenta Sabella. Esse exterior discreto prepara o visitante para o clímax que se revela assim que a porta é aberta e o cenário montanhoso se descortina. Somente o vidro – do chão ao teto e em toda a extensão – separa o interior do exterior.
Como já havia uma residência grande na propriedade, onde mora o pai da jovem, ela optou por uma planta mais compacta, com 280 m² e um jardim interno. "Esse é um tamanho confortável quando se pensa na escala humana", avalia o arquiteto, que também se preocupou em manter a altura da construção amigável, com 2,80 m internamente.
Externamente, a aparência da casa é quase a mesma, graças ao telhado plano composto por elementos estratégicos: placas cimentícias que funcionam como forro, mas cuja principal função é apoiar a manta de EVA, uma cobertura naturalmente impermeável. Além disso, Sabella utilizou a própria manta para criar uma calha central por onde a água da chuva escoa. Toda essa solução de telhado, junto com a estrutura modulada, reduziu o tempo de construção. Foram necessários apenas 15 dias para montar os pilares duplos de madeira laminada colada, que definem o ritmo da fachada envidraçada e sustentam as vigas da cobertura. Instalados a cada 2 m, os pilares são quase invisíveis externamente, pois os caixilhos coincidem com eles quando estão fechados.
Para os acabamentos, optou-se por um seleto número de materiais de qualidade, sem extravagâncias. Assim, o porcelanato cimentício da varanda se estende pelas áreas social e de serviço, enquanto os ladrilhos hidráulicos foram reservados para as paredes dos banheiros e a madeira para o piso dos quartos e as persianas. O que torna a casa ainda mais encantadora é o lago artificial do qual ela parece emergir, uma ideia da moradora. Construído como uma piscina, o tanque foi equipado com plantas, pedras e carpas – com água sempre fresca, é a atração dos cachorros nos dias quentes.