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Arquitetos: Carlos Castanheira, Álvaro Siza Vieira
- Área: 9850 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:HouPictures
Descrição enviada pela equipe de projeto. Numa terra muito muito longe vivem cinco irmãs.
Todas são iguais, e todas são diferentes.
Todas são bonitas, umas mais, outras menos.
Uma é mais nervosa e outra mais calma.
Outra elegante e outra ainda mais. Depende.
Todas são desiguais, mas também semelhantes.
Vivem junto a um lago, com os pés, quase, dentro de água.
Não vivem uma sem as outras. Mas são independentes.
Formam um conjunto que só existe em conjunto, Agarram-se umas às outras, de braço dado, enfrentando o horizonte.
Vêm-se e revêm-se no espelho de água, mesmo em frente.
Refletem-se e refletem.
Absorvem a luz de diferentes modos, são diferentes.
Irradiam luz e beleza, cada uma, e mais ainda todas juntas.
Fecham-se para quase todos, originando uma enorme curiosidade naqueles que as querem conhecer.
Para alguns, contudo, abrem-se, criando ainda mais curiosidade em as conhecer.
De um branco quase imaculado, criam outros brancos pelo movimento dos seus volumes.
Acentuando sombras, refletindo luz, os seus volumes mexem. Constantemente.
Aberturas permitem que a luz entre no seu interior, controlada por sombreamentos que quase parecem pestanas.
Há algo de antropomórfico.
Há muito, muito tempo que as começámos a conhecer. Aos poucos.
E aos poucos as vamos descobrindo, nos seus ângulos, nas suas curvas, nos abertos e nos planos fechados.
Fomos nós que as criámos, mas foram elas que nos disseram como queriam ser.
Todas iguais, mas todas diferentes.
A vontade de ser diferente não era uma obrigação, mas sim uma necessidade.
Não há beleza igual. Ou repetitiva.
Todas são iguais na sua diferenças, pois todas estão num lugar diferente.
Ali tão juntas, mas cada uma no seu diferente trono, guardando o espelho de água.
Ainda há pouco as fui visitar.
Ainda não existiam e já me surpreendiam. E continuam a surpreender.
Procuro conhecê-las, girando à sua volta ou entrando nelas.
Não é fácil absorvê-las.
Sempre tiveram personalidades diferentes, mas agora isso é mais evidente.
Estão já mais crescidas e as suas formas quase totalmente formadas.
Certamente que cada uma irá ter sua própria vida.
Seu modo independente de estar.
O tempo trará maturidade e, em conjunto, irão continuar a surpreender.
É essa a função da beleza.
Tavira 10.12.2023
Carlos Castanheira