-
Arquitetos: Gabriel Valdivieso
- Área: 1700 m²
- Ano: 2021
-
Fotografias:Fran Parente
-
Fabricantes: Deca, Mekal, Modelar Móveis, Suvinil, TDS serralheria
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Edifício Marieloisa é uma construção habitacional dos anos 1950, situada no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, a poucos metros do Elevado Presidente João Goulart, conhecido popularmente como Minhocão. A região tem passado por um movimento de revitalização, oferecendo a moradores antigos e novos uma ampla gama de imóveis restaurados e recém-construídos, além de uma variedade de atrativos recreativos e culturais.
A família proprietária investiu na modernização do edifício, utilizando materiais duráveis e de fácil manutenção, com o intuito de preservar e aprimorar seu portfólio de imóveis para locação. O retrofit do Marieloisa carrega um grande significado afetivo. Além de renovar completamente a infraestrutura original, melhorias no layout foram implementadas, incorporando soluções acústicas e térmicas ao edifício. O projeto também buscou preservar a identidade do bairro de Santa Cecília, mantendo traços do projeto original. Com foco no conforto e segurança dos moradores, o projeto reformou os espaços comerciais do térreo, promovendo maior interação com a rua e contribuindo para o fluxo e atenção dos pedestres nos arredores do Minhocão.
A construção conta com um pavimento térreo ativo e pé-direito elevado, composto por dois espaços comerciais, entre os quais se encontra a entrada principal dos moradores. O desenho da calçada foi reformulado em mosaico de pedra portuguesa com formas triangulares e cores marcantes, criando um caminho convidativo para os transeuntes. A fachada foi revestida com pastilhas que remetem às utilizadas na construção original.
Nos espaços comerciais, algumas paredes, pilares e vigas foram descascados para expor a estrutura original. A infraestrutura elétrica foi instalada à vista, interferindo minimamente nas paredes e na laje, além de facilitar futuras intervenções pelos locatários. O hall de entrada ganhou novas portas de serralheria sob medida, projetadas em harmonia com o desenho da fachada. O piso original em mármore foi restaurado, enquanto as paredes e o teto receberam novas cores de destaque, complementados por um mural pintado pelo artista Regerossi.
As escadas e áreas comuns dos seis andares de apartamentos tiveram o piso de granilite restaurado. As antigas placas de identificação dos andares e apartamentos foram removidas, polidas e reinstaladas após a obra. Nos halls dos apartamentos, os barrados pintados nas paredes foram preservados, agora com novas cores, trazendo modernidade e vivacidade aos ambientes. Os interruptores das campainhas, antes de diferentes modelos, foram padronizados a partir de moldes dos poucos exemplares originais que ainda existiam, possibilitando a fabricação de novos.
O edifício possui 24 apartamentos do tipo estúdio, com áreas que variam de 35 m² a 46 m². Todos contam com cozinha integrada à área de serviço e a um compacto living, um banheiro e um amplo dormitório voltado para a Alameda Glete. As unidades centrais, menores, possuem portas-balcão e varandas. Todas as unidades passaram por um processo de integração dos ambientes. Neste processo, as cozinhas foram abertas e conectadas aos corredores da área íntima, além de integradas aos antigos vestíbulos (presentes apenas nas unidades maiores, sem varanda). Essas intervenções permitiram um melhor aproveitamento dos espaços, além de melhorar a iluminação e ventilação natural em cada apartamento.
Assim como no térreo, os apartamentos evidenciam elementos estruturais como vigas e pilares. Os revestimentos de piso, paredes e os acabamentos de marcenaria foram escolhidos em tons claros e neutros, permitindo maior versatilidade para diferentes perfis de locatários. Além disso, novos caixilhos de alumínio foram instalados, garantindo maior durabilidade, conforto acústico e controle de iluminação, com persianas integradas nas janelas da fachada. Na inauguração do retrofit do Edifício Marieloisa, o prédio foi aberto ao público. Um dos apartamentos foi decorado, e as duas lojas do térreo foram temporariamente ocupadas por exposições da Galeria Leme e da Central Galeria, com obras dos artistas José Carlos Martinat e Rodrigo Sassi.