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Arquitetos: Estudio Bulla, IR arquitectura, Pieza
- Ano: 2024
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Fotografias:Javier Agustín Rojas
Descrição enviada pela equipe de projeto. A proposta nasce a partir do pedido de uma série de intervenções na reserva de Puertos Escobar, um extenso território às margens do Arroyo Correntino, Argentina. São elementos arquitetônicos que dialogam profundamente com este meio. São duas peças que se situam às margens do caminho principal da reserva. Cada uma explora uma condição espacial em torno da relação que estabelecemos com o ecossistema.
A condição vertical provém do latim verticālis, que por sua vez deriva de vertex, verticis, "vértice" ou "ponto mais alto". Esta raiz está relacionada com a ação de vertere, que significa "girar" ou "fazer girar". Originalmente, o termo designava algo que se orienta para a cúpula ou o ponto culminante, o que implica uma direção de baixo para cima. Em termos de dinâmica no meio natural, busca tomar distância do solo, em movimento espiralado, para alcançar uma perspectiva diferente da habitual.
A condição horizontal remete a algo que está disposto como o horizonte, paralelo ao solo, que valoriza a igualdade, a conexão direta entre pessoas e seu entorno. Esta exploração espacial busca potencializar os deslocamentos laterais e os vínculos com o meio natural.
Folie vertical. Esta peça é concebida como um dispositivo multi-programático e espacialmente compacto. Está localizada perto do acesso à reserva, em meio à frondosa vegetação e busca recuperar altura para oferecer uma nova perspectiva de seu contexto.
A Folie Vertical é um dispositivo que amplifica a experiência de imersão em uma dupla relação, para dentro e para fora. Seu desenho concentra o programa principal no centro, propondo nas quatro faces de seu perímetro um percurso em espiral ascendente que culmina no terraço. Suas fachadas têm uma qualidade refletora, por isso adotam a cor da estação vigente. Assim, o volume se integra de maneira harmoniosa com entorno, ao mesmo tempo em que promove a contemplação da paisagem natural.
No térreo, estão localizados o ponto de acesso, o centro de informação, juntamente com um depósito para equipamentos. Esses espaços servem como um nó inicial de interação e orientação para os visitantes, articulando a entrada e facilitando a logística operacional da reserva. O primeiro nível abriga instalações sanitárias enquanto que no segundo, encontra-se a guarita do responsável pela gestão e manutenção da reserva. O terraço, na parte superior do volume, funciona como mirante, oferecendo vistas panorâmicas que fomentam a observação das aves que habitam a paisagem, formando uma atmosfera relaxante para a recreação dos visitantes.
Folie horizontal. O pavilhão se apresenta como um elemento neutro, elevado sobre pilares em um setor pantanoso e rodeado de árvores, em uma ampliação profunda no meio do percurso da reserva. Este dispositivo dispõe de um espaço de uso dinâmico e flexível em meio a um ecossistema de conservação, um centro de interpretação, destinado a fundir a experiência educativa e cultural com seu entorno natural.
O projeto articula um espaço de grandes dimensões com seu contexto por meio de uma espessura perimetral, composta por um fechamento envidraçado e outro em grade, que atua como mediador ambiental. Um módulo compacto abriga os serviços essenciais, condensando a recepção dos visitantes e os espaços operacionais no início do volume. A intervenção é complementada por uma passarela que liga o caminho principal ao volume, em um percurso serpenteante entre árvores. Ele é concebido como um evento a mais na experiência geral, integrando-se à paisagem e multiplicando os pontos de conexão visual.
A Folie Horizontal amalgama as funções interpretativas, culturais e recreativas, por meio de sua versatilidade espacial, de uma maneira em que as flutuações fluviais acompanham com os ciclos lunares e sazonais. Esta peça busca enriquecer a compreensão do meio ambiente circundante e fomentar uma interação dinâmica com a paisagem.