Descrição enviada pela equipe de projeto. A força que transmitem a topografia e vegetação espontânea deste terreno foram o ponto de partida e o mote deste projecto para uma nova casa, situada em Lisboa. O desenho da casa exacerba estes elementos, potenciando francas ligações entre os espaços interiores e exteriores.
A casa aterra neste terreno, encaixando-se no mesmo e propiciando uma relação forte com este, ao mesmo tempo que consegue criar um afastamento visual relativamente à rua e casas vizinhas. Este é um loteamento com terrenos relativamente pequenos em que as casas de dois pisos se debruçam umas sobre as outras e sobre as ruas, não permitindo muitas vezes a privacidade desejada. Esta casa desenvolve-se assim do piso do jardim para baixo, culminando numa cobertura verde que deverá deixar cair plantas pendentes a partir da mesma.
Foi nosso propósito encaixar o volume da casa no terreno, desenvolvendo o piso principal com as zonas de estar e cozinhar ao nível do jardim, permitindo uma vivência de casa térrea protegida dos olhares vizinhos. Os quartos e espaços secundários ficam no piso inferior, com uma frente de quartos virada a sul para um pátio com fundo verde.
A cobertura levita e repete o movimento do terreno em direcção ao céu, toda com revestimento arbustivo. A ideia é que a casa quase não se revele na paisagem, a partir do céu. É um pedaço de terreno que levita, com plantas e flores. Para além das palas que circundam o edifício, protegendo as paredes e vãos do sol nos meses de verão, a cobertura verde permite uma boa regulação térmica da casa.
No interior, conseguiu-se tirar partido da forte ligação ao jardim através de grandes envidraçados, uma vez que estavam conseguidas as permissas iniciais de privacidade (pelo encaixe da casa no terreno que a defende de olhares vizinhos) e defesa da exposição solar (cobertura verde e palas circundantes). Assim, as salas de estar e jantar e a cozinha desenvolvem-se em contínuo e num espaço aberto, fortemente ligado e exposto para o jardim. Da mesma forma, os quartos no piso inferior, semi-enterrado, podem abrir-se completamente para o talude verde que os protege da rua.
Foi ainda importante conseguirmos criar uma franca ligação entre os dois pisos para que se conseguisse sentir como um espaço só. Foi então criado um grande espaço central que perfura a casa e abre a cobertura até ao céu através de uma grande claraboia. Esta claraboia transforma-se numa escada de caracol que une os dois pisos iluminando-a durante todo o dia, assim como ao grande vazado em que se insere. A comunicação entre os dois pisos é assim forte e constante, dando uma dimensão completamente diferente à casa como um todo. Fundamental ainda foi enfatizar esta unidade em toda a casa através da sua materialidade. Optou-se por revestir exteriormente todas as superfícies no mesmo material e cor, uma cor areia, ligada ao próprio terreno, procurando mais uma vez integrar o mais possível a casa no terreno onde se insere.